Jogando com os meninos na província de Copperbelt, na Zâmbia, a menina Racheal Kundananji não desconfiava que havia futebol só entre meninas. Quiçá poderia imaginar que no futuro iria se tornar a jogadora mais cara da história.
Contratação recorde da modalidade, ainda com cifras longe do futebol dos homens, Racheal custou 860 mil dólares ao Bay FC. O clube, novidade no projeto de expansão da NWSL, principal liga estadunidense, trouxe a zambiana do Madrid CFF.
Antes de brilhar nos gramados espanhóis, e de se tornar uma contratação milionária, Racheal se destacava entre os meninos nos campos da província de Copperbelt. Jogava escondida dos pais, que trabalhavam duro para colocar a comida na mesa. A mãe de Kundananji trabalhava em uma mina local.
Em entrevista recente, Racheal disse que nem desconfiava que havia futebol entre meninas na Zâmbia. Mas a atacante logo se tornou notável por lá. Ainda adolescente, brilhou na liga local pelo Indeni Roses, sendo campeã e artilheira da liga, e logo passou a ser figura presente na seleção zambiana.
Ainda aos 18 anos, se transferiu para a Europa para jogar no BIIK-Kazygurt, do Cazaquistão. Bicampeã da liga cazari, participou de seus primeiros jogos na Liga dos Campeões. Nunca avançou para além das oitavas, mas já se apresentava entre os grandes times da Europa.
Em 2021, se transferiu ao Eibar, para jogar na Liga F, a Liga Espanhola, uma das mais fortes da modalidade. Encerrou aquela campanha marcando cinco gols nos últimos quatro jogos, mas sem conseguir evitar a campanha ruim de sua equipe, vice-lanterna.
Estava claro que Racheal precisava dar voos mais altos. Em 2022, se mudou para a capital e, pelo Madrid CFF, anotou 24 tentos em 29 jogos da liga (foram 26 gols no total na temporada). O bom desempenho se manteve na nova temporada, com direito a hat-trick contra o Sevilla.
A atacante, que marcou também nas Olimpíadas de 2020 e na Copa do Mundo de 2023 pela Zâmbia, se tornou a contratação mais cara da história do futebol feminino nesta terça-feira (13). Nos Estados Unidos, vai jogar ao lado de outra craque africana, a nigeriana Asisat Oshoala, que foi rival na Liga F quando defendia o Barcelona. Uma dupla de ataque que promete…
Assim como Ashoala, os 23 anos, Racheal Kundananji é um modelo a ser seguido por muitas africanas. Ela deixa um recado para as novas gerações.
“O que eu realmente quero dizer para as meninas é que elas têm que seguir os sonhos dela e fazer o que amam. Muitos dos pais vão nos forçar a fazer o que nós não amamos, mas então vamos terminar arrependidas. Escolha seu próprio caminho e trabalhe duro. Com o passar do tempo, seus pais vão lhe apoiar”, disse, para a BBC Africa.
Fonte: Ogol
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