O líder opositor russo Alexei Navalny foi enterrado nesta sexta-feira, 1º, no cemitério Borisovo, em Moscou, após um velório que levou milhares de apoiadores até a igreja no sudeste da capital russa. Seu corpo foi sepultado ao som da música “My Way”, de Frank Sinatra, uma das preferidas de Navalny, segundo destacaram seus aliados na transmissão ao vivo da cerimônia fúnebre. O líder opositor morreu no dia 16 de fevereiro em circunstâncias pouco claras em uma prisão do Ártico. Durante o percurso até o cemitério, os apoiadores de Navalny gritaram seu nome e entoaram cânticos como “A Rússia será livre” e “Rússia sem Putin”. Aqueles que não conseguiram comparecer ao velório dirigiram-se ao cemitério de Borisovo com flores nas mãos e tentando se aproximar de seu túmulo.
O corpo do líder opositor russo Alexei Navalny foi enterrado nesta sexta-feira no cemitério Borisovo, em Moscou. Os presentes também saudaram os pais de Navalny quando estes saíam da igreja após o velório. A mãe do opositor, Liudmila, denunciou na semana passada que as autoridades não lhe entregaram o corpo do filho durante mais de uma semana após sua morte. Yulia Navalnaya, viúva do opositor, não compareceu a cerimônia, mas fez questão de se despedir do marido em uma mensagem compartilhada no X (antigo Twitter). Ela está exilada, por isso foi impossibilitada de comparecer a cerimônia.
“Obrigado pelos 26 anos de felicidade absoluta. E até mesmo pelos últimos três anos de felicidade (quando Navalny estava na prisão). Pelo seu amor, pelo seu apoio, por me fazer rir mesmo na prisão, por sempre pensar em mim”, escreveu do exílio Yulia Navalnaya. “Não sei viver sem você, mas vou tentar fazer com que você esteja feliz e orgulhoso de mim aí em cima”, acrescentou, antes de dizer que estava convencida de que veria o marido novamente “algum dia”. “Tenho tantas histórias que gostaria de contar para vocês, tantas músicas guardadas para vocês no meu celular”, lamentou.
A mãe do opositor, Liudmila, denunciou na semana passada que as autoridades se recusaram a entregar o corpo do filho durante mais de uma semana após sua morte. Yulia também descobriu que o presidente russo, Vladimir Putin, devolveu o corpo de Navalny à sua família, enquanto culpava o chefe do Kremlin por estar por trás da morte de seu marido. A viúva de Navalny, 47 anos, também prometeu que continuará a causa do marido no exílio e pediu aos seus apoiadores que fiquem ao seu lado.
Tanto junto à igreja, onde foi instalado o velório, como no cemitério, onde será sepultado o político, foram instaladas cercas metálicas e foi destacado um significativo efetivo policial. Várias câmeras de vigilância e outros dispositivos que podem servir como inibidores de sinal de internet e celular também foram colocados nos postes do cemitério.
Os russos desafiaram as medidas policias regirosoas – uma mobilização policial sem precedentes no bairro Mariino – e os avisos das autoridades sobre as consequências da participação em atos não autorizados. Entre as personalidades que compareceram ao funeral estavam Yevgeny Roizman, ex-prefeito da cidade de Ecaterimburgo, nos Urais, bem como alguns diplomatas estrangeiros, incluindo os embaixadores de Estados Unidos, Alemanha e França. Boris Nadezhdin, candidato à presidência russa recentemente vetado pela Comissão Eleitoral deste país, também esteve presente na despedida de Navalny em uma igreja no sudeste da capital russa.
O Kremlin alertou nesta sexta-feira que serão punidos todos aqueles que participarem em manifestações não autorizadas durante o funeral do líder opositor. A polícia russa prendeu pelo menos 45 pessoas durante atos em homenagem ao falecido opositor Alexei Navalny. “No total, a OVD-Info registrou mais de 45 detenções. A maioria das pessoas – 18 delas – foi detida em Novosibirsk”, disse a organização, que contabilizou seis detenções em Moscou, onde uma multidão se reuniu perto da cerimônia de despedida de Navalny.
“Queremos lembrar que existe uma lei que deve ser seguida: qualquer reunião não autorizada constituirá uma violação da lei”, disse o porta-voz da presidência da Rússia, Dmitry Peskov, na sua coletiva de imprensa diária. Peskov acrescentou que quem participar de reuniões não autorizadas será punido de acordo com a legislação vigente. O porta-voz do Kremlin respondeu assim a uma pergunta sobre a intenção dos apoiadores de Navalny de organizar eventos em sua memória em todo o país e no exterior.
*Com informações das agências internacionais
Fonte: Jovem Pan News
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