Portugal celebra o 50º aniversário da Revolução dos Cravos, que pôs fim à ditadura do país e marcou a independência de suas colônias na África, nesta quinta-feira (25), com desfiles militares e discursos do presidente Marcelo Rebelo de Sousa em Lisboa. Milhares se reuniram nesta manhã no Terreiro do Paço, oficialmente conhecida como a Praça do Comércio, onde uma cerimônia militar foi realizada. Lisboa é hoje o epicentro das celebrações que comemoram a queda, há meio século, do regime autoritário do Estado Novo, que governou o país entre 1926 e 1974. O evento foi presidido por Rebelo de Sousa, acompanhado do primeiro-ministro Luís Montenegro, e teve a participação de 1,1 mil soldados das Forças Armadas em um desfile militar acompanhado de fragatas e caças F-16.
O desfile foi encerrado por uma fila de antigas viaturas militares, que partiu na quarta-feira (24) de manhã de Santarém, localizada a 80 km de Lisboa, simulando a marcha realizada por alguns dos capitães há cinquenta anos. No fim do dia, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa receberá os homólogos dos países africanos que conquistaram a independência após a revolução: Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. E, como acontece todos os anos, os principais líderes políticos do país discursarão em uma sessão solene no Parlamento. O 50º aniversário é comemorado em um contexto de avanço da extrema direita no país.
Quando a Revolução dos Cravos provocou a queda do regime autoritário do Estado Novo as tropas portuguesas estavam em combates há 13 anos em Angola e quase uma década em Moçambique e Guiné-Bissau. No dia 25 de abril de 1974, o regime autoritário mais antigo da Europa ocidental caiu em questão de horas, praticamente sem uma gota de sangue derramada, graças ao apoio imediato da população e de jovens suboficiais.
Os jovens suboficiais demoraram quase um ano para preparar a ação de 25 de abril de 1974, que pretendia abrir o caminho para a liberdade, acabar com a guerra e construir a democracia em Portugal. Isso provocou o cancelamento de uma festa num restaurante, onde uma garçonete decidiu distribuir os cravos vermelhos destinados à decoração às pessoas nas ruas e aos soldados. Alguns jovens militares colocaram os cravos nos canos de suas armas, o que transformou a imagem no símbolo da revolução política, econômica e social. Foram sobretudo as imagens registradas naquele dia que transformaram o cravo vermelho no símbolo da Revolução de 25 de Abril, dando uma visão romântica, poética. A revolução foi pacífica.
O regime derrubado em 1974 nasceu com uma ditadura militar instaurada em 1926. Depois de ser nomeado ministro das Finanças, o economista Antonio Salazar liderou o governo entre 1932 e 1968, quando foi substituído pelo professor de Direito Marcelo Caetano. Durante os anos de chumbo, marcados pelo slogan “Deus, pátria, família”, Portugal se tornou “um país pobre, atrasado, analfabeto e isolado do resto do mundo”, explica a historiadora Maria Inácia Rezola.
Após meses de tensões que poderiam ter resultado em uma guerra civil entre as forças pró-comunistas e as correntes favoráveis a uma democracia liberal, o período revolucionário terminou em 25 de novembro de 1975 com uma intervenção militar do general António Ramalho Eanes, que no ano seguinte se tornaria o primeiro presidente democraticamente eleito de Portugal.
Outro personagem crucial do período, o socialista Mario Soares, venceu as primeiras eleições livres com sufrágio universal, organizadas em 25 de abril de 1975 para formar a Assembleia Constituinte que redigiria a atual Carta Magna do país.
*Com informações do Estadão Conteúdo e agências internacionais
Fonte: Jovem Pan News
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