O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta terça-feira (30) que o país lançará em breve uma ofensiva terrestre contra a Faixa de Gaza e vai invadir Rafah, havendo ou não uma trégua com o Hamas. “A ideia de que vamos parar a guerra antes de alcançar todos os objetivos está fora de questão”, disse o primeiro-ministro a familiares dos reféns sequestrados desde 7 de outubro pelo movimento islamista Hamas, no poder em Gaza.
Netanyahu considera indispensável invadir a região, no sul de Gaza, para eliminar o Hamas, considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia, e liberar os reféns. “Entraremos em Rafah e eliminaremos os batalhões do Hamas com ou sem acordo (de trégua), para alcançar a vitória total”, acrescentou.
Netanyahu fez estas declarações mesmo após os alertas sobre o risco de um banho de sangue nessa localidade e apelos dos Estados Unidos, seu principal aliado, para que evite invadir Rafah, refúgio de 1,5 milhão de pessoas deslocadas pela guerra, e horas antes da chegada do secretário de Estado americano, Antony Blinken, a Israel.
Blinken, em seu sétimo giro regional desde o início da guerra, disse na segunda-feira (29) que esperava uma resposta favorável do grupo islamista ao que chamou de proposta “extraordinariamente generosa de Israel”. O Hamas deve responder a uma proposta israelense de trégua de 40 dias, com uma troca de reféns por presos palestinos em Israel.
Uma delegação do Hamas voltou a Doha após se reunir na segunda-feira no Cairo com representantes do Egito e Catar, que ao lado dos Estados Unidos mediam o conflito no Oriente Médio, e deve dar uma resposta à proposta de trégua “o mais rápido possível”. Israel irá esperar essa resposta “até quarta-feira à noite”, antes de decidir se envia uma delegação ao Egito, disse um alto funcionário israelense nesta terça. A proposta acontece após meses de bloqueio nas negociações indiretas.
Uma trégua de uma semana no fim de novembro permitiu a troca de 100 reféns por 240 presos palestinos. As autoridades israelenses calculam que 129 pessoas continuam em cativeiro em Gaza, das quais 34 teriam sido mortas. No ataque sem precedentes contra o sul de Israel, os milicianos do Hamas sequestraram mais de 200 pessoas e mataram 1.170, a maioria civis, segundo um balanço baseado em dados oficiais israelenses.
Em represália, Israel iniciou uma ofensiva contra o território para aniquilar o Hamas, que deixou 34.535 mortos, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território, governado desde 2007 pelo movimento islamista. O Hamas exige um cessar-fogo permanente, antes de qualquer acordo sobre a libertação dos reféns, que Israel sempre rejeitou.
As exigências do movimento islamista incluem a “retirada” de Israel do território, o retorno dos deslocados e um calendário claro para o início da reconstrução, disse na segunda-feira um dos negociadores do grupo, Zaher Jabareen.
O Exército israelense bombardeou Rafah, Khan Yunis, também no sul, e a Cidade de Gaza, no norte, nesta terça-feira (30). Segundo o Ministério da Saúde do território, ao menos 47 pessoas morreram nas últimas 24 horas no território. Em Nuseirat, um campo de deslocados no centro da Faixa, os habitantes removiam os escombros com as próprias mãos.
Na Jordânia, última etapa de seu giro antes de chegar a Israel, Blinken pediu para aumentar a ajuda humanitária para o território, submetido a um duro controle israelense e perto de uma crise de fome, segundo a ONU. O governo dos Estados Unidos pressiona Israel para facilitar a entrada de ajuda, que chega em números reduzidos e é insuficiente, e iniciou a construção de uma doca flutuante ao longo da costa de Gaza.
A China, que simpatiza historicamente com a causa palestina e apoia a solução de dois Estados como saída para o conflito israelense-palestino, indicou nesta terça que o Hamas e seu rival Fatah, que administra parcialmente a Cisjordânia ocupada, mantiveram negociações de reconciliação em Pequim.
No plano jurídico, o máximo tribunal da ONU rejeitou uma solicitação de medidas urgentes apresentada pela Nicarágua, que acusa a Alemanha de violar a convenção sobre o genocídio de 1948 ao fornecer armas a Israel para a guerra de Gaza.
*Com informações da AFP
Fonte: Jovem Pan News
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