‘Ações da Petrobras poderiam valer o dobro’, diz consultor que recusou convite para presidir petroleira
As preocupações com relação ao futuro da Petrobras (PETR4; PETR3) aumentam depois da apresentação dos resultados da companhia, que teve queda na lucratividade. Esse e outros fatores acabam por reduzir o potencial de valorização das ações da Petrobras na bolsa de valores. A percepção é de Adriano Pires, sócio-fundador e diretor da CBIE, consultoria especializada em energia.
Segundo Pires, o que alivia o peso sobre a empresa é o patamar alto do preço do petróleo, entre US$ 80 e US$ 90. “Se cair vai ser um problema, mesmo assim, as ações da Petrobras poderiam valer o dobro”, avalia o consultor, que recusou o cargo de presidente da Petrobras no governo de Jair Bolsonaro, durante evento da TAG Investimentos na manhã desta terça-feira (14), em São Paulo.
As ações da Petrobras sobem quase 60% desde maio de 2023, mesmo diante do anúncio do fim da paridade com os preços internacionais.
Em 2024, as ações da empresa avançam mais discretamente: alta de 8,5%. Isso porque houve ruídos com relação a possíveis trocas no comando da empresa e possibilidade de não pagamento de dividendos extraordinários.
Pires destaca o fato de o Brasil ser o nono maior produtor de petróleo do mundo, encostando no Irã, e cita o aumento da importância do petróleo na balança comercial. Além disso, menciona o pagamento de royalties e de impostos da Petrobras para financiamento da atividade pública.
Por outro lado, ele critica o papel que a empresa assume em diferentes governos, de instrumento de política econômica. Nesse sentido, Pires critica o abandono à política de paridade internacional do preço do petróleo para subsidiar combustíveis no país.
“A Petrobras é a única (petroleira) do mundo que gosta de petróleo barato. As outras gostam de petróleo caro porque dá lucro. Mas, o presidente da Petrobras tem medo de petróleo caro porque o risco de ele perder o emprego é alto”, provoca o consultor.
Além disso, na visão do consultor, investimentos fora do core da empresa suscitam medos relacionados ao passado recente, de dispersão da atividade da empresa. Com isso, a empresa pode deixar de focar onde é referência, que é a exploração de petróleo.
“A Petrobras vai voltar a investir em tudo que é canto, comprando refinaria”, menciona o consultor ao relembrar problemas na aquisição da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, um dos casos investigados durante a operação Lava Jato.
“Estou preocupado porque a gente vai ter toda chance de repetir aqueles erros”, afirma.
O diretor da CBIE afirma ainda que “a sociedade está madura para discutir a privatização da Petrobras”.
“Quanto mais demorar para privatizar, menos vai arrecadar, porque vai valer menos”, diz Pires ao mencionar a mudança global em direção a fontes renováveis de energia em detrimento do petróleo.
Ele afirma que o governo se comporta como se fosse dono da empresa ao tomar medidas que desagradam demais investidores. Diante disso, Pires sentencia: “ou privatiza (a Petrobras), ou estatiza de uma vez”.
Fonte: Inteligência Financeira




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