Domingo, Novembro 24, 2024
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Base em Turim e parceiro de Lingard na Coreia: a trajetória de Willyan longe de casa

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Um amadurecimento precoce, uma carreira construída no exterior e um novo lugar para chamar de casa. O atacante Willyan deixou o Brasil ainda muito jovem, terminou sua formação na Itália e rodou na Europa até encontrar a sequência que precisava na Ásia. Depois de desbravar a segunda divisão sul-coreana, o brasuca colhe os frutos de um crescimento exponencial no futebol local.

Atualmente, Willyan defende o FC Seoul, terceiro maior campeão nacional e dono da maior torcida no país, ao lado do ex-Manchester United, Jesse Lingard. Mas, antes de chegar ao prestigiado time asiático, o brasileiro construiu sua carreira entre momentos de alegria e dificuldade no futebol europeu.

Nascido em Altamira, no Pará, o atacante realizou testes no Cruzeiro e no Atlético Mineiro antes de ser aprovado em uma peneira para entrar nas categorias de base do Bahia. Porém, apenas uma semana depois de chegar em Salvador, Willyan recebeu o convite de um empresário para disputar o Viareggio Cup, uma espécie de Copinha do futebol italiano.

“Aceitei, mesmo sabendo dos riscos. Era uma chance que talvez não fosse acontecer novamente. Sabia que iria perder a minha vaga no Bahia, mas era uma oportunidade única. Fui e ficamos por cerca de 20 dias na Itália. Chegamos até as oitavas de final e perdemos para o Milan”, relembrou o atacante.

A eliminação para os Rossoneri, entretanto, não resultou no fim da passagem de Willyan pela Itália, pelo contrário, apenas abriu os caminhos para uma longa jornada. A atuação no torneio rendeu uma série de testes para o menino de apenas 12 anos na época. O prodígio fez valer os sacrifícios de sair de casa cedo e agarrou as oportunidades, conseguindo a aprovação para continuar sua formação nas categorias de base do Torino.

Com o auxílio do empresário e o desejo do clube italiano, o brasileiro obteve todas as autorizações legais para permanecer em outro continente ainda tão jovem. Hoje, com 30 anos, Willyan relembra das dificuldades passadas, mas atribui às responsabilidades desde cedo seu sucesso na carreira.

“Agora eu vejo isso como algo que mudou minha vida, mas na época sair de casa sozinho naquela idade, sem conhecer ninguém no país e ser o único brasileiro por lá foi muito difícil. Pensei muitas vezes em voltar depois que a empolgação de início passou e eu entendi a realidade. O que me ajudou muito foi a recepção do clube e dos jogadores que ficavam comigo no alojamento, isso me deu força para continuar”, revelou.

Passada a dificuldade no primeiro ano, Willyan despontou em Turim, ganhou notoriedade e liderança nas categorias de base e pediu passagem no elenco profissional. O atacante conta que, aos 17 anos, começou a integrar o time principal durante os treinamentos e, no final de semana, retornava à base para disputar jogos.

Com o tempo, após algumas temporadas no Torino e nenhuma oportunidade para jogar, o brasileiro sentiu a resistência do técnico italiano Gian Piero Ventura em utilizar os jovens e pediu para deixar o clube. Embora o Torino tentasse uma negociação de empréstimo para a Série C do Calcio, Willyan optou pela ida para a segunda divisão portuguesa.

No primeiro ano como profissional, o atacante despontou com sete gols pelo Beira-Mar e despertou o interesse de clubes da elite do futebol luso. Com as boas atuações no novo mercado, Willyan recusou a proposta de renovação com o Torino e acertou a ida em definitivo para o Nacional. Na temporada de estreia, o atacante confirmou as expectativas e adaptou-se à experiência na primeira divisão, mas uma grave lesão no joelho tirou o brasileiro do combate por um longo tempo.

O atacante conta que chegou a ser sondado por Benfica e Porto, mas o período de recuperação acabou adiando a possibilidade. Na janela seguinte, o brasileiro acertou sua ida para os Encarnados, em forma de pagamento de uma dividida do Nacional com o clube de Lisboa, mas Willyan nunca atuou pelo time e acumulou empréstimos por Vitória, de Setúbal, e Panetolikos, da Grécia.

A ida para o futebol grego encerrou a trajetória do atacante em terras portuguesas e abriu um novo horizonte. Pouco tempo depois de desembarcar no novo desafio, Willyan enxergou uma real oportunidade de recomeçar na Coreia do Sul.

Willyan sempre deixou algo muito claro na sua carreira: queria jogar, independente do lugar. Após o empresário apresentar seu vídeo a um treinador local, o brasileiro recebeu o convite imediato para se juntar ao Gwangju, na segunda divisão sul-coreana.

“Sempre me falaram que o futebol na Coréia do Sul era um dos mais difíceis para adaptação, principalmente na relação com os treinadores e a resistência deles com jogadores de fora, mas eu queria ter esse desafio e não pensei duas vezes antes de encarar a oportunidade. Por sorte, encontrei um técnico que se tornou um grande amigo meu até hoje”, destacou.

Acostumado às rápidas adaptações, Willyan não sentiu a mudança de cultura e, ao lado dos brasileiro Felipe Silva e Ratinho, conquistou o inédito título da K-League para Gwangju, recolocando o clube na elite nacional. Na temporada seguinte, o atacante repetiu o bom desempenho e garantiu o clube por mais um ano na primeira divisão. No entanto, após o fim do campeonato, Willyan optou por procurar um novo clube com a saída do técnico, e amigo, Park Jin-Seop.

O distanciamento entre o atacante brasileiro e o treinador sul-coreano durou duas temporadas, período em que o Willyan atuou por Gyeongnam e Daejeon Hana Citizen, ambos na segunda divisão, e enfrentou dificuldades com o novo comandante.

“Eu estava vivendo meu melhor momento quando cheguei ao Daejeon. É um clube com um investimento muito grande do maior banco do país. Eu estava brigando pela artilharia do campeonato e era cotado para ser o MVP da temporada, mas sem nenhum motivo o técnico me colocou no banco e nunca me explicou a decisão. Eu não achei correto e pedi para ir embora. Ninguém acreditou, pois eu tinha um contrato muito bom e o clube era muito promissor, mas sempre deixei claro que a minha intenção era estar jogando”, reforçou o brasileiro.

Insatisfeito com a reserva, Willyan ganhou uma nova oportunidade na primeira divisão e a pedido do amigo Park Jin-Seop acertou sua ida para o Seoul, onde atua desde então. Em duas temporadas, o atacante soma 11 gols e três assistências em 41 jogos. 

“O FC Seoul é um dos maiores times do país, mas vive uma fase ruim. Há quatro temporadas não conseguimos a classificação para a Liga dos Campeões e isso pesa muito para uma torcida como a nossa, que é considerada a maior do país. No último jogo em casa, foram 54 mil pessoas para o estádio”, relatou.

Nesta temporada, o elenco do FC Seoul foi pego de surpresa com a contratação badalada de Jesse Lingard, meia formado no Manchester United. Willyan recorda como foi recebida a notícia da chegada do inglês.

“Quando contaram que o Lingard iria vir para cá ninguém acreditou. O cara jogou no Manchester, era parceiro do Cristiano Ronaldo, é uma estrela internacional, todo mundo achou que era brincadeira”, contou de forma irônica o brasileiro.

Willyan não poupa elogios para falar sobre a convivência com Lingard e relata os diversos momentos de descontração do jogador, principalmente envolvendo a dificuldade para entender a comunicação “britânica” do meia. O brasileiro reforça que a dificuldade para o meia deslanchar ocorreu por conta de uma lesão no joelho, mas que não falta dedicação e companheirismo do inglês com o clube.

“É um cara super humilde, está sempre brincando com todos. Vive com entrega o dia a dia do clube, mas infelizmente acabou sofrendo essa lesão. Acredito que quando ele voltar vai conseguir ajudar muito o time a sair dessa situação”, destacou o companheiro.

O brasileiro aguarda a recuperação para atuar pela primeira vez ao lado do inglês. Na atual temporada, Willyan acabou perdendo espaço no time titular e novamente trabalha para ter sequência em campo. Apesar de outra vez enfrentar a resistência de um novo treinador, o atacante reitera o desejo de permanecer no país e ainda descarta um retorno ao Brasil.

“Durante toda a minha carreira ainda não pensei em voltar ao futebol brasileiro e acredito que agora ainda não seja o momento. A Coreia é o melhor país onde já morei e eu e minha família estamos muito adaptados aqui. Não fecho a porta para nenhum lugar, mas ainda quero continuar atuando aqui”, completou o atacante.

Fonte: Ogol

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