O Bayern de Munique negocia com o Burnley a contratação do técnico Vicent Kompany. Apesar de o clube britânico não dar o braço a torcer, os bávaros estão confiantes na contratação. Terão, porém, de abrir os cofres. Para contratar um técnico rebaixado como vice-lanterna da Premier League. O que gera alguns questionamentos.
Segundo a imprensa alemã, o Burnley estaria pedindo cerca de 23 milhões de euros para liberar o belga. O Bayern negocia para diminuir esse valor. Ainda assim, será um grande investimento em um técnico. Em um clube que já não costuma esbanjar no mercado.
A aposta, como parece claro, vai muito além do desempenho de Kompany na última temporada. Embora tenha vencido apenas sete de 41 jogos, Kompany é muito bem avaliado na Allianz Arena.
Zagueiro técnico, habilidoso e, acima de tudo, inteligente, Kompany fez história no futebol inglês com a camisa do Manchester City, além de disputar duas Copas do Mundo pela seleção belga. Foi treinado, em Manchester, por Pep Guardiola durante algum tempo.
A tutela de Pep certamente aguçou ainda mais a curiosidade tática em Kompany. Quando se mudou para o Anderlecht para encerrar a carreira, o zagueiro, já tirando os cursos de treinador da Uefa, chegou a assumir como técnico e jogador ao mesmo tempo.
Quando pendurou as chuteiras, assumiu de forma definitiva o comando técnico do Anderlecht. Manteve os princípios do mestre, Pep, com algumas adaptações, preferindo um 4-2-3-1 com um duplo-pivô.
Kompany montou times ofensivos, que valorizavam a posse de bola, com saída sustentada, laterais agudos e goleiros participativos com os pés. Foi assim quase sempre em seus primeiros anos como técnico.
Em duas temporadas no Anderlecht, conseguiu, no máximo, um terceiro lugar no Campeonato Belga, e o vice-campeonato da Copa. Foi, em seguida, a aposta do Burnley para voltar para a Premier League.
A trajetória de Kompany no Burnley foi marcada por uma revolução inicial. O belga fez os Clarets largarem o jogo físico e de ligação direta de Sean Dyche e aplicou o jogo posicional, de posse de bola e ofensivo que aprendeu com Pep Guardiola.
A própria Premier League divulgou um comparativo que escancarou a diferença. Na temporada anterior a Kompany assumir, o Burnley teve uma média de 39% de posse de bola, conseguiu 112 trocas de passe com sequências de dez ou mais passes, e 17 ataques construídos de forma sustentada, desde a defesa. Na primeira temporada de Kompany, a posse de bola saltou para 64%, foram 744 trocas de passe com pelo menos dez passes e 135 ataques construídos a partir de saídas sustentadas.
Kompany foi um sucesso absoluto em sua primeira temporada na Inglaterra. Conquistou o título da Championship com o Burnley com uma campanha histórica, de 101 pontos, apenas três derrotas e ainda uma eliminação só nas quartas da Copa da Inglaterra.
Na temporada seguinte, porém, a queda foi grande. Na Premier League, sem grandes contratações, os Clarets terminaram na vice-lanterna, com apenas sete vitórias o ano inteiro. Kompany pode deixar o Burnley onde pegou: na Championship.
O contexto pode explicar o desejo bávaro em ter Kompany. O sucesso na primeira temporada na Inglaterra como técnico. Mas principalmente todo o conjunto da obra. Tudo o que Kompany pode trazer com ele e agregar. Tudo o que representa.
A diretoria bávara quer um técnico da nova geração, com bom diálogo com os jogadores, para tentar acalmar os ânimos nos vestiários. Na última temporada, não foram raras as discussões entre os atletas e Thomas Tuchel.
O fato de Kompany trazer com ele toda a influência de Pep Guardiola também contribui. O catalão, apesar de não ter vencido a Champions, fez história na Bundesliga com o Bayern. Pep modificou a forma de pensar do clube, dos jogadores e da torcida.
Kompany ainda fala inglês fluente e alemão, o que facilitaria a comunicação com os atletas. Paz nos bastidores, um estilo de jogo que já fez sucesso na Allianz Arena e a promessa de um futuro brilhante. É isso que Kompany significa para a diretoria do Bayern de Munique. Esperança, acima de tudo, que as coisas voltem aos trilhos. Como já estiveram em um passado nem tão distante…
Fonte: Ogol
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