Aconteça o que acontecer em Wembley neste sábado, o confronto entre Borussia Dortmund e Real Madrid marcará um encontro de eras, e também o fim delas. Uma era aurinegra com um camisa 11 que virou o símbolo do clube. Uma era blanca com um camisa 8 que revolucionou o jogo, e foi o cérebro de um novo domínio continental.
Marco Reus e Toni Kroos já foram companheiros na seleção alemã. Jogaram juntos Euro, Copa do Mundo… Foram rivais na Bundesliga entre 2009 e 2014. E depois disso na Champions, em um único confronto, em 2016. Reus é de 1989. Kroos, de 1990. Mas ambos jogam no time dos gênios. Dos ídolos.
Marco Reus era uma das principais revelações da Bundesliga no início da década de 2010. Fez uma boa temporada de estreia e em seguida dois anos fora de série com o Borussia Monchengladbach.
Antes disso, vale lembrar, havia atuado nas divisões de base do Dortmund. Havia escutado, porém, que não iria vingar por faltar “intensidade física”. Mas os craques respondem no campo.
Reus respondeu com a camisa do Monchengladbach, e depois de alcançar 30 participações diretas em gol na temporada 2010/11 e ser eleito o jogador do ano no futebol alemão, foi comprado pelo Dortmund. Estava aonde sempre quis estar.
Os Aurinegros acabavam de ganhar tudo na Alemanha com Jürgen Klopp. Com Reus, tentaram ir além. E chegaram na decisão da Champions. O fim, porém, foi traumático: derrota por 2 a 1 para o Bayern de Munique, com gol de Robben aos 44 do segundo tempo. Em Wembley. O futebol e suas coincidências…
Foi o primeiro dos traumas de Reus em Dortmund. Foram vários e vários títulos que ficaram no quase. Vices da Copa, da Bundesliga. Na temporada passada, um vice na última rodada, um título que escorreu entre os dedos. As lesões graves ao longo dos anos, incluindo uma que o tirou da campanha do título mundial da Alemanha na Copa de 2014, deixaram cicatrizes. Mas nada disso diminuiu a importância de Reus no Signal Iduna Park.
Um meia-atacante que superou os 20 gols em três temporadas, as 40 participações diretas em uma delas. Que foi o capitão que representou a torcida em campo. Que, de fato, era um torcedor em campo. Que sabia completamente o que significava vestir aurinegro.
“Sentimento de estar em casa. De pertencimento. Simplesmente, a vida. É difícil explicar para as pessoas. Significa demais quando você passa uma vida inteira aqui”, disse certa vez Reus sobre jogar no Borussia.
Campeão apenas da Copa e da Supercopa da Alemanha (duas vezes cada), Reus já se despediu do Signal Iduna Park com um golaço de falta na última rodada da Bundesliga. Agora, no último ato pelo Dortmund, tentará encerrar uma era com a maior conquista dele, e do clube. Seria um final épico…
Assim como Reus, Toni Kroos chegou em um Real Madrid supercampeão, comandado por um dos maiores técnicos do futebol europeu. Os Merengues haviam sido campeões da Copa e da Liga dos Campeões na temporada 2013/14. Kroos chegara como campeão do mundo com a Alemanha, e vitorioso, também, no Bayern de Munique.
No 4-4-2 losango de Carlo Ancelotti, formou o meio inicialmente com Isco, Modric e James adiantado. Depois, no 4-3-3, jogou com os dois primeiros: Bale entrou para formar o ataque BBC com Karim Benzema e Cristiano Ronaldo. Logo na primeira temporada, Kroos já era campeão da Supercopa da Europa e do Mundial de Clubes. Pouco do que estaria por vir.
Na temporada seguinte, Casemiro voltou ao Santiago Bernabéu para formar uma das maiores linhas de meio-campo da história, com Modric e Kroos. O chamado por Ancelotti de “Triângulo das Bermudas”.
“Eu os chamo de Triângulo das Bermudas, porque quando a bola está ali, ela desaparece”, definiu rapidamente Carlo Ancelotti.
Curiosamente, o primeiro técnico do trio não foi o italiano, mas sim Rafa Benítez. Por pouco tempo. Zinédine Zidane assumiu a seguir. Um dos maiores maestros que o futebol já viu. O comandante perfeito para Kroos se tornar protagonista. Com Zizou, o Real voltou a ser campeão da Champions. Algo que se repetiria nos anos seguintes.
Se Reus só ficou no quase em Dortmund, Kroos é cinco vezes campeão da Champions, seis do Mundial de Clubes, quatro da Supercopa da Europa, da Supercopa da Espanha e de La Liga. E uma da Copa do Rei. É troféu que não cabe em casa!
Kroos é o meia que não erra passes. E não é passe para o lado: ele é decisivo quebrando linha, fazendo a bola correr com passes verticais. Foi fundamental para o Real ter um dos melhores contra-ataques da Europa por muito tempo. Foi o maestro que ditou o ritmo do time nos últimos anos. Termômetro dos Merengues.
Com o fim do “Triângulo das Bermudas”, com a saída de Casemiro para o United, Kroos seguiu brilhando ao lado de Modric. Mesmo quando Ancelotti decidiu que no time titular, ou era um, ou era outro. Foi quase sempre Kroos. Já veterano, o alemão fez 52 jogos temporada passada, a segunda temporada com mais jogos da carreira. E 47 na atual.
O 48º será o último da temporada. Será o 465º com a camisa blanca. A última dança, após o anúncio da aposentadoria ao fim da Eurocopa. Contra Reus, tentará o sexto título da Champions. Enquanto seu compatriota quer levantar pela primeira vez a “Orelhuda”. O fim será épico de qualquer forma, seja qual for o campeão. Encerrará com um final feliz uma das histórias. Sem deixar de apagar os capítulos de glória da outra. Afinal, o futebol é assim mesmo. As eras terminam. Mesmo que a gente não goste disso. Por mais que os craques sejam mortais na eternidade das memórias, o tempo cobra um ponto final no campo. Para Kroos e Reus, pelo menos com as camisas que eles mais vestiram na carreira, esse ponto final será neste sábado.
Fonte: Ogol
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