Os mexicanos comparecem às urnas neste domingo (2) com duas mulheres como favoritas para se tornar presidente de um país devastado pela violência do tráfico de drogas, onde 10 mulheres em média são assassinadas todos os dias. Claudia Sheinbaum, física e candidata do partido de esquerda no poder, e Xóchitl Gálvez, senadora de centro-direita de raízes indígenas, são as favoritas para governar até 2030 a 12ª economia do mundo, de 129 milhões de habitantes. O dia foi marcado por atrasos e problemas de logística para a instalação das cabines eleitorais (foram instaladas 149.059 mil cabines de votação em todo o país, o equivalente a 87,59% do total) e por mortes em seções.
Segundo uma média de pesquisas da empresa Oraculus, Sheinbaum, de 61 anos e de origem judaica, está 17 pontos percentuais à frente de Gálvez, impulsionada pela popularidade do presidente Andrés Manuel López Obrador, seu padrinho político. É um “dia histórico”, disse Sheinbaum neste domingo, antes de votar no sul da Cidade do México. Depois de depositar seu voto, disse aos jornalistas que votou na líder histórica da esquerda mexicana Ifigenia Martínez para a presidência, em “homenagem” a seus anos de luta.
No México, as listas de votação incluem uma caixa em branco que permite votar em um candidato não registrado. Gálvez, também com 61 anos, ficou em uma longa fila para votar na Cidade do México e tirou fotos com apoiadores. “Que o povo decida (…) Fiz meu trabalho, deixei minha alma nessa campanha, não parei um único dia, com o sol, com 48 graus”, disse ela. “Viva a democracia!”, afirmou. Em terceiro lugar nas pesquisas, com 11%, está o centrista Jorge Álvarez Máynez, um ex-deputado de 38 anos.
A violência política prejudicou essas eleições, nas quais cerca de 30 candidatos foram assassinados, de acordo com a ONG Data Cívica. A vítima mais recente foi um candidato a um cargo local no estado de Michoacán (oeste), assassinado a tiros horas antes do início das eleições, informou o Ministério Público regional.
Duas pessoas também morreram neste domingo (2) durante incidentes armados vinculados ao roubo de material eleitoral no Estado de Puebla, segundo uma fonte do governo local. “Fala-se de 25, 30 (candidatos assassinados), mas eles não estão aqui neste dia e isso é muito lamentável, declarou Gálvez.
Cerca de 450 mil pessoas foram assassinadas no México e dezenas de milhares estão desaparecidas desde 2006, quando o então governo optou por adicionar os militares à luta contra as máfias. Cerca de 100 milhões de eleitores estão convocados a votar neste pleito de turno único. No México, não há reeleição presidencial ou voto obrigatório.
Com cerca de 20.000 cargos em disputa, essas são as maiores eleições da história do país. Os apoiadores de Sheinbaum consideram que ela garante o legado de López Obrador, que foi eficiente em sua gestão como prefeita da Cidade do México (2018-2023) e que é uma “inspiração” para as mulheres neste país com altos índices de violência de gênero, no qual cerca de 10 mulheres são assassinadas diariamente, segundo a ONU. Ambas as candidatas se comprometeram a manter as ajudas sociais do atual governo.
A expansão do crime organizado “é o problema mais assustador” para quem vencer as eleições, opina Michael Shifter, pesquisador do Inter-American Dialogue, um grupo de reflexão com sede em Washington. O vencedor também terá o desafio de manter os programas sociais quando o déficit fiscal subiu para 5,9% e o crescimento médio nos últimos seis anos foi de apenas 0,8%.
Outro desafio será o relacionamento com os Estados Unidos, o destino de 80% das exportações mexicanas, especialmente se Donald Trump voltar ao poder. Trump ameaçou deportações em massa de migrantes que cruzam a fronteira binacional de quase 3.200 km. Além disso, em 2026, os dois países e o Canadá terão que renegociar seu acordo comercial T-MEC.
Nestas eleições, a esquerda também está buscando ampliar a maioria simples que tem no Congresso para aprovar reformas controversas, incluindo uma na esfera judicial, além da manutenção da prefeitura da Cidade do México, seu reduto.
*Com informações da AFP
Fonte: Jovem Pan News
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