Com apenas uma derrota em 2024, o DAC 1904 protagonizou uma reviravolta no Campeonato Eslovaco e conquistou pela terceira temporada consecutiva a vaga para a disputa da Conference League. A remontada contou com a participação especial de um brasileiro. O zagueiro Mateus Brunetti, há quatro anos no clube, aproveitou a oportunidade para se firmar no time titular e ajudou a equipe a seguir expandindo no cenário nacional.
“Estávamos desacreditados por todos devido ao início ruim de temporada. Foi uma recuperação incrível. Não tínhamos margem de erro, jogamos umas seis ou sete finais seguidas e conseguimos os resultados de que precisávamos”, relatou o zagueiro, em entrevista para oGol.
O DAC começou a temporada entre altos e baixos e correu risco de ficar de fora da fase final da Liga Eslovaca. Entretanto, o clube do Brunetti emplacou uma sequência de 14 jogos na reta decisiva, com apenas uma derrota, e mudou os rumos na temporada. De postulante a eliminado, o DAC saltou para o vice-campeonato nacional.
“Acredito que, quando o time entendeu o formato de trabalho do treinador, nos fechamos como um só. Se tivéssemos tido esse encaixe desde o começo, as coisas poderiam ser diferentes, mas o importante é que demos a volta por cima”, completou o zagueiro.
Brunetti, de 24 anos, desembarcou no futebol eslovaco em 2021. Na primeira temporada, o zagueiro não atuou pelo DAC, mas entrou em campo pelo Samorín, clube da segunda divisão. A prática é comum no futebol local, onde os atletas são “emprestados” apenas para jogos oficiais.
“Na Eslováquia, há um formato diferente de outros países. Os clubes da primeira divisão fazem parcerias com equipes da segunda, e assim é a parceria entre o DAC e o Samorín. Eu nunca pertenci ao Samorín, então um atleta pode treinar a semana toda e “descer” para jogar por outro time e, no final de semana seguinte, jogar pela equipe principal e vice-versa. Quando eu cheguei no meio da temporada, eu descia nos dias de jogos para ir pegando ritmo. Até hoje, alguns atletas da equipe principal vão aos jogos do Šamorín um dia depois, quando ficam no banco e não entram no principal”, explicou o brasileiro.
A partir do segundo ano, Brunetti começou a ganhar espaço no DAC e disputou 17 partidas. A titularidade veio na temporada seguinte e o brasileiro abraçou a oportunidade, sem deixá-la escapar. Hoje, atuando com regularidade, o zagueiro soma 77 partidas pelo clube, 29 delas na temporada 2023/24.
“Honestamente, essa foi uma ótima temporada para mim. Consegui manter uma boa regularidade nas partidas, o que me ajudou a ser selecionado para a seleção do campeonato. Não posso também deixar de reconhecer o trabalho incrível de toda a equipe. O apoio dos meus companheiros de time, o empenho da comissão técnica e a energia dos nossos torcedores foram fundamentais”, avaliou Brunetti.
“Eu sou muito feliz aqui no clube, pois temos ótimas condições de trabalho e ainda temos grandes objetivos a serem concretizados. O futebol europeu é muito difícil de se adaptar, mas, quando você se adapta, as vantagens são inúmeras”, completou.
Em quatro temporadas na Eslováquia, o zagueiro brasileiro se prepara para disputar pela terceira vez uma competição europeia. Embora ainda não tenha conseguido chegar à fase de grupos da Conference League, o DAC 1904 vem aumentando sua participação no cenário internacional e ainda sonha com o primeiro título de expressão.
“Nosso principal objetivo é vencer os jogos da Conference, entrar na fase de grupos e buscar o primeiro título do DAC, seja na copa ou na liga. Todos no time estão extremamente motivados e confiantes nesses objetivos para a próxima temporada”, contou o defensor.
Brunetti começou nas categorias de base do São Paulo e passou ainda por União Suzano e São Bento antes de ganhar sua primeira oportunidade no elenco principal da Portuguesa. Na Lusa, o zagueiro disputou dois jogos e rumou ao Figueirense, onde encerrou sua formação e ganhou sequência no time profissional.
Foram dois anos e 33 partidas disputadas no time catarinense até que surgiu a oportunidade de desbravar o futebol europeu. O zagueiro rejeitou a primeira proposta e cumpriu sua temporada no Figueira antes acertar sua transferência em definitivo.
“O convite surgiu quando eu estava atuando pelo Figueirense. Eles me convidaram e, no momento, eu recusei. Porém, ao final da Série B, eles me procuraram novamente e eu acabei aceitando o desafio e me transferi para o DAC. Olhando para trás, foi uma decisão que valeu muito a pena. Passar por essa experiência internacional foi enriquecedor em todos os aspectos”, relembrou.
O brasileiro explica que a adaptação causou dificuldades no início, principalmente por conta do idioma e no estilo de jogo praticado. Hoje, adaptado ao novo país, Mateus Brunetti planeja seguir crescendo dentro do clube e ajudando o DAC a se consolidar no cenário local.
“Existem três equipes aqui com uma ótima estrutura, e a nossa é uma delas. Nosso CT é melhor do que a maioria dos CTs no Brasil. Nosso time tem um hotel próprio e um estádio moderno. O futebol aqui é mais forte fisicamente falando, e isso foi um complicador inicial, além da língua. No entanto, valeu muito a pena aceitar o desafio e passar por todas as experiências. Superar essas dificuldades me fez crescer como jogador e como pessoa, e estou muito feliz com o progresso que consegui”, ressaltou o defensor.
Além de Brunetti, outros quatro brasileiros também atuam no futebol eslovaco. O zagueiro Kauã Moura e os meias Marcos Paulo, João Guimarães e Davi Alves. Mas, apesar da pouca presença dos “brasucas”, o futebol no país é marcado pela diversidade de nacionalidades. No DAC, Mateus Brunetti compõe o elenco ao lado de 27 jogadores de 16 nações diferentes.
“É muito boa essa questão de jogar em diferentes países, pois são estilos diferentes dentro de campo, e cada um traz uma experiência única. A grande maioria dos jogadores faz parte ou já fez parte das seleções do leste europeu. Isso enriquece nosso jogo e nos prepara melhor para enfrentar desafios variados”, relatou o defensor.
Brunetti é mais um jovem brasileiro realizando o sonho de ganhar o mundo através da bola. No alternativo futebol eslovaco, o zagueiro escreve sua história e ajuda o modesto DAC 1904 a também buscar seu lugar ao sol.
Fonte: Ogol
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