Contra el destino, nadie la talla (contra o destino, ninguém pode lutar, na tradução livre). A frase virou um hino para a Argentina. Ela está no tango Adiós Muchachos, interpretado pelo icônico Carlos Gardel. Apesar de a letra ser de 1927, ela segue viva no dia a dia do argentino como um dos tangos mais famosos da história. Quase cem anos depois de ganhar vida, Adiós Muchacos pode ser o tema da seleção argentina nesta Copa América, já que, como diz parte da letra, ninguém pode lutar contra o destino.
A Copa América será, certamente, o “último tango” de Ángel Di María com a seleção argentina. Antes do torneio, o craque fez questão de confirmar sua despedida com a camisa albiceleste.
“A Copa América será a última vez que visto a camisa argentina. Com muita dor na alma e sentindo um nó na garganta, me despeço da parte mais bonita da minha carreira”, publicou Di María em suas redes sociais.
El Fideo não estará ao lado de nomes como Lionel Messi e Diego Armando Maradona na história do futebol argentino. Mas foi tão decisivo para as conquistas recentes da seleção quanto havia sido nos tempos de Real Madrid, onde ficou, também, ofuscado por Cristiano Ronaldo.
Di María é o craque dos grandes jogos. Assim como chegou a carregar os Merengues nas costas até o topo da Europa, foi também fundamental para o título mundial argentino em 2022. Apesar de ser reserva durante todo o mata-mata, jogando apenas oito minutos contra a Austrália, o ponta começou como titular na final. Marcou um gol e foi um dos grandes nomes da conquista, sobre a França.
No ano anterior, também passou o mata-mata da Copa América na reserva. Mas na final, no Maracanã, contra o Brasil, foi titular e marcou o gol do título.
Di María soma 140 jogos e 31 gols pela seleção argentina. Disputou quatro Copas do Mundo, vai para sua sexta Copa América e foi ainda campeão olímpico e do Mundial sub-20. É uma bandeira do futebol argentino. Mas não venceu a batalha contra o destino e chegou a hora de dizer adeus. Quem sabe ao lado do principal companheiro neste ciclo…
A Copa América pode, também, ser a última competição de Lionel Messi pela seleção. La Pulga, que já se aposentou da seleção outras vezes, diz que só pensa no presente. Reconhece que o fim da carreira está próximo, mas não crava que será seu último torneio.
“Seguirei até me sentir bem fisicamente. Tenho que ser realista comigo mesmo e saber até onde posso competir e ajudar os meus companheiros”, comentou.
Messi tem os mesmos 36 anos de Di María, e completará 37 durante a Copa América. Já são 182 jogos e 108 gols pela Albiceleste. A última Copa foi sua melhor, com sete gols e três assistências em sete jogos.
Messi foi campeão do mundo, da Copa América, da Finalíssima e medalhista de ouro nas Olimpíadas sempre com Di María ao lado. Ambos ainda atuaram juntos durante um breve período no Paris Saint-Germain. A parceria começou nos jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. São, no total, 144 jogos lado a lado, 114 partidas apenas pela seleção argentina principal.
Após a conquista no Catar, um documentário da Apple TV flagrou um raro momento da parceria entre Fideo e La Pulga. Di María se derreteu ao companheiro.
“Para mim, jogar com você era o que eu mais queria. E ter ganhado esse troféu contigo… Eu sei que é algo que eu desejava com a minha alma”, disse o Fideo.
Agora, independente do que acontecer em campo, e independente, até, se Messi seguirá até a Copa do Mundo, a Copa América verá o fim de uma era. Ángel Di María e Lionel Messi escreveram, a quatro mãos, ou pés, um dos capítulos mais bonitos da história da seleção argentina e, também, do futebol. O destino os uniu. E quis o destino que a inevitável despedida fosse lado a lado.
Se Carlos Gardel estivesse vivo, dedicaria a ambos o seguinte verso:
“Adiós muchachos, compañeros de mi vida,
barra querida de aquellos tiempos.
Me toca a mí hoy emprender la retirada,
debo alejarme de mi buena muchachada.
Adiós muchachos, ya me voy y me resigno, contra el destino nadie la talla.
Se terminaron para mí todas las farras,
mi cuerpo enfermo no resiste más.”
Fonte: Ogol
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