Há quase 7 meses no comando da Argentina, o presidente Javier Milei segue a espera dos lucros da primeira colheita agrícola de seu governo. Na pujante região agrícola de Buenos Aires, os silos transbordam ao final da colheita. Os produtores adiam as vendas na esperança de que o presidente ultraliberal Javier Milei, a quem deram seu voto, elimine impostos e restrições cambiais. Toneladas de soja e cereais se acumulam a céu aberto em ‘silobolsas’, um sistema para armazenar grãos e forragem envolto em plástico. Quando assumiu o poder Milei prometeu eliminar regulamentações no mercado cambial, origem de distorções devido a múltiplas taxas de câmbio e a um mercado informal que influencia os preços internos. A inflação, embora em queda, foi de 280% ao ano em maio. Mas segundo os produtores houve um aumento significativo no setor agrícola. No último ano, “um trator que custava 170.000 dólares agora custa 250.000”. Após seis meses de governo, Milei não avançou com suas promessas ao campo e, pelo contrário, aumentou vários impostos, incluindo o sobre combustíveis.
Os insumos estão aumentando seus preços conforme o dólar informal (cerca de 1.300 pesos), enquanto os grãos são exportados a uma taxa especial para o campo, ligeiramente acima da taxa de câmbio oficial, em torno de 945 pesos. Tanto o presidente quanto seu ministro da Economia, Luis Caputo, descartaram uma nova desvalorização e se recusaram a estabelecer prazos para a normalização do mercado de câmbio. A última estimativa da Bolsa de Rosario prevê que a safra de grãos atingirá 131,1 milhões de toneladas, frente a 82,2 milhões da safra anterior, drasticamente afetada por uma seca histórica. No entanto, devido aos baixos preços internacionais e à defasagem cambial, os agricultores estão postergando a venda de sua produção, o que dificulta que o presidente veja os frutos da primeira colheita sob seu governo.
“Os silos estão cheios, vende-se apenas o suficiente para cobrir os custos. Quem pode, espera”, descreveu Ricardo Semino, agricultor de Lobos, 110 km ao sudoeste de Buenos Aires, na rica pampa úmida dedicada à colheita de milho e ao plantio de trigo. O setor agrícola apoiou Milei nas eleições presidenciais de 2023, confiando em um discurso que prometia um “campo livre de retenções”, referindo-se ao imposto cuja revogação é solicitada há anos. No entanto, logo após assumir, o novo presidente aumentou as taxas de 31% para 33% para exportações de farinha e óleo de soja.
A Argentina, conhecida como o celeiro do mundo, é o terceiro maior produtor de soja, atrás dos Estados Unidos e do Brasil. O país exporta 70% de sua produção agroindustrial, que em 2023 representou 55% das exportações argentinas, gerando importantes receitas fiscais para o Estado. Neste ano, estima-se que as exportações atinjam 29,3 bilhões de dólares (R$ 159 bilhões), abaixo da média de 32 bilhões (R$ 173,6 bilhões) dos últimos cinco anos. “Embora o volume de produção tenha aumentado 60% em relação ao ano anterior, o valor das exportações agrícolas subiu menos de 23%”, explicou a Bolsa de Rosario.
Publicado por Sarah Américo
*Com informações da AFP
Fonte: Jovem Pan News
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