Dois dos diretores, Gabriel Galípolo e Paulo Picchetti, são considerados cotados para suceder Roberto Campos Neto na presidência da autarquia a partir de 2025.
Uma fonte do ministério da Fazenda avaliou, sob condição de anonimato, que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) não cria indisposição de nenhum dos quatro diretores indicados por Lula para o BC.
Uma segunda autoridade da equipe econômica avaliou como positiva a decisão unânime, argumentando que a coesão do colegiado reduz ruídos após a turbulência gerada no mercado pela divergência na reunião de maio.
Para uma terceira fonte, do Palácio do Planalto, a decisão não foi uma surpresa. Ela avaliou que Lula fez o cálculo político de subir o tom contra o BC exatamente por considerar esse provável cenário de manutenção da Selic.
Na véspera da decisão do Copom, Lula acusou Campos Neto de trabalhar para prejudicar o país, sinalizando que indicará um sucessor para o cargo de chefe da autarquia que seja “sério, responsável e imune aos nervosismos momentâneos do mercado”.
Para essa fonte do Planalto, o presidente decidiu “dizer o que precisava ser dito” para marcar posição política sobre os juros, mas também por desconforto após Campos Neto ter se encontrado mais de uma vez nas últimas semanas com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, cotado pela direita para uma possível candidatura à presidência da República.
Essa fonte, porém, acredita que o voto dos diretores indicados por Lula, alinhados ao restante do colegiado em visão dura em relação aos juros, não comprometerá a relação com o presidente
Outra autoridade da Fazenda, apesar de defender que havia espaço para um corte de 0,25 ponto percentual nos juros básicos, avaliou que a unanimidade serve como escudo para a diretoria, que teve a decisão criticada não apenas por Lula, mas por representantes da esquerda e do setor produtivo.
Nesta quinta-feira, em entrevista à rádio Verdinha, em Fortaleza, Lula lamentou a interrupção nos cortes de juros pelo BC e afirmou que o povo brasileiro é quem mais perde com a decisão. Ele não fez comentários específicos sobre diretores indicados pelo atual governo
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na quarta-feira que vai aguardar a divulgação da ata da reunião do Copom, na próxima terça-feira, para tecer comentários mais profundos sobre a Selic.
“Tenho confiança nas pessoas indicadas (para o BC). Vamos seguir um rumo forte da economia”, disse, na ocasião.
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