Mercado superestimou efeitos econômicos das enchentes no Rio Grande do Sul?

Mercado superestimou efeitos econômicos das enchentes no Rio Grande do Sul?

O IBGE informou nesta quarta-feira (11) que as vendas no varejo brasileiro cresceram 1,2% em maio na comparação com abril. Assim, o resultado do setor ficou acima das expectativas do mercado financeiro, que projetava uma queda de 0,5%. A retração esperada pelos agentes tinha como base os efeitos econômicos das enchentes no Rio Grande do Sul.

Sobretudo, conforme o IBGE, a alta do varejo no mês foi impulsionada por hiper e supermercados, que cresceu 0,7%. Essa atividade responde por 54,7% do volume de vendas no varejo.

Já em relação aos dados do Rio Grande do Sul, que enfrentou uma tragédia climática durante maio, o crescimento apurado do setor foi de 1,8% na passagem de abril para maio.

“As enchentes do Rio Grande do Sul parecem ter tido efeito maior e mais localizado sobre a indústria e, possivelmente, sobre o setor de serviços da região em maio. Enquanto as vendas no varejo foram menos afetadas (possivelmente em função de um efeito estocagem)”, diz o Itaú Unibanco em relatório.

“De maneira geral, o dado de hoje confirma que a atividade segue forte, indicando que, até o momento, a tragédia no Sul do país não afetou as perspectivas de crescimento do PIB agregado no ano”, aponta o banco no texto.

Na mesma linha, o Bradesco avalia que o desempenho do varejo em maio traz um viés de alta para o PIB do 2º trimestre. Isso, na visão da instituição financeira, ao indicar um impacto limitado das enchentes do RS nas vendas no varejo.

“O dado de amanhã (sexta), do setor de serviços, ajudará nessa avaliação. As aberturas mais ligadas à renda confirmam a resiliência no consumo das famílias. Principalmente explicadas pela dinâmica aquecida do mercado de trabalho. Para o ano, mantemos nossa expectativa de crescimento de 2,3% do PIB”, diz o Bradesco em relatório.

Nesse sentido, André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, comenta que ainda não é possível uma avaliação definitiva se os economistas superestimaram os efeitos das chuvas no Rio Grande do Sul.

“Mas uma resposta parcial é possível: sim, as previsões foram superestimadas”, afirma.

“É fato que o comércio permaneceu parcialmente ou totalmente fechado nas regiões alagadas, mas não em todo o Estado. O funcionamento parcial pode ter contribuído para o resultado positivo”, comenta o especialista.

“Ademais, o crescimento em nível nacional foi impulsionado por supermercados e artigos médicos e perfumaria. O que pode sinalizar um aumento na demanda por esses produtos para doações ao Rio Grande do Sul”, completa.

 

Fonte: Inteligência Financeira

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