Operação Casa de Ouro: Empresário Abelardo Fraga e as Irregularidades na Venda de Imóvel ao Conselheiro Waldir Neves

Na 3ª fase da Operação Mineração de Ouro, denominada Operação Casa de Ouro, surgiram novas revelações sobre Abelardo Fraga, empresário envolvido na venda de um imóvel ao ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), conselheiro Waldir Neves Barbosa. A operação investiga a lavagem de dinheiro desviado da corte fiscal.

Transações Suspeitas

Abelardo Fraga vendeu a “casa de ouro”, localizada na Rua Euclides da Cunha, Jardim dos Estados, por R$ 1 milhão a Waldir Neves. Apenas seis meses depois, o conselheiro revendeu o imóvel por R$ 1,4 milhão. Documentos mostram que Fraga assinou contrato com a empresa Docsys, de Sérgio Corrêa, antes de oficializar a criação de sua própria empresa, OM2L.

Irregularidades Contratuais

De acordo com despacho do ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a OM2L foi constituída oficialmente em 25 de abril de 2018. No entanto, Fraga já havia assinado um contrato com a Docsys em 2 de abril de 2018, antes mesmo da criação oficial de sua empresa. Esse contrato incluía um Termo de Acordo de Confidencialidade e um Distrato de Prestação de Serviços, estipulando um pagamento mensal de R$ 20 mil.

Depoimentos e Conclusões da PF

Nos depoimentos de Abelardo Fraga e Sérgio Corrêa, ambos confirmaram que não houve prestação de serviços, mas Fraga recebeu R$ 160 mil. Corrêa justificou os pagamentos alegando ser amigo de longa data de Fraga e querendo ajudá-lo financeiramente. A Polícia Federal (PF), contudo, não aceitou essa explicação, suspeitando que o dinheiro era, na verdade, propina destinada a Waldir Neves.

Acusações de Corrupção e Lavagem de Dinheiro

A PF concluiu que os R$ 160 mil pagos pela Docsys a Fraga eram parte da propina para Waldir Neves, utilizados na compra do imóvel. A empresa de Corrêa também repassou dinheiro à família Cappi e à Eletro Móveis, ambas investigadas na mesma operação. Os repasses coincidiam com os pagamentos feitos pela Dataeasy, que havia assinado um contrato com o TCE em janeiro de 2018 e recebido mais de R$ 105 milhões.

Decisões Judiciais

Apesar das evidências, o ministro Francisco Falcão negou, pela segunda vez, o pedido de prisão de Waldir Neves. Anteriormente, em dezembro de 2022, o ministro determinou o afastamento do conselheiro e o monitoramento por tornozeleira eletrônica, medida também aplicada aos conselheiros Iran Coelho das Neves e Ronaldo Chadid.

A Operação Casa de Ouro continua investigando os desvios e a lavagem de dinheiro, buscando trazer à tona todas as irregularidades envolvendo figuras públicas e empresários do Mato Grosso do Sul.

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