O futebol e sua mania de rótulos. Que viram rotina para nós, jornalistas. Que passam a fazer parte do dia a dia dos torcedores, e ganham as ruas. E que podem mudar os rumos de uma carreira. Fenômeno na base corintiana, Lulinha era chamado de “o menino de 50 milhões de dólares”. Era o valor de sua multa rescisória. A cláusula nunca foi ativada. Lulinha não virou fenômeno no profissional. Mas é grato pelos rumos da carreira. Hoje, celebra uma trajetória consolidada no futebol asiático. E não se arrepende de absolutamente nada.
Você, provavelmente, já ouviu falar da carreira de Lulinha. Principalmente no início. Em oGol, o meia-atacante foi notícia algumas vezes. Do início avassalador na base corintiana, até os seguidos empréstimos. Bons momentos aqui e ali no Brasil. Defendeu Bahia, Ceará, Criciúma, Botafogo, Mogi Mirim… Foi quando a Ásia e Lulinha se encontraram pela primeira vez.
Em 2016, quando parecia em baixa no futebol brasileiro, se reencontrou no Pohang Steelers. Fez uma temporada de 17 gols em 33 jogos, e abriu as portas de um continente, que, desde então, nunca mais deixou de ser a casa do atacante.
“Eu sempre me identifiquei com o mercado asiático, ainda mais depois da minha passagem na Coreia. Fiz um dos melhores anos (da carreira), me adaptei muito bem no país. A gente sabe que quando o jogador vai para fora, é difícil. E eu tive essa adaptação rápida, foi importante para mim. E sempre tive portas abertas”, lembrou Lulinha, em conversa com a reportagem de oGol.
Desde essa passagem, Lulinha recebeu várias sondagens e propostas para voltar ao Brasil. Mas o mercado asiático sempre “encheu” mais os olhos do jogador. “Fico feliz por estar aqui até hoje”.
Lulinha ainda jogou nos Emirados Árabes e no Japão. Viu as portas quase se fecharem após uma trajetória de menor destaque na J-League. Então, um novo destino o deu a oportunidade de seguir por lá: a Indonésia.
“Me vi em uma situação que estavam aparecendo poucos clubes. Quando chegou a situação da Indonésia, era uma proposta boa. Não conhecia o país, peguei informações com amigos que estavam jogando aqui, eles deram o aval. Quando cheguei, fui surpreendido com o campeonato. Outras coisas, nem tanto, mas é normal. Graças a Deus, consegui fazer bons jogos, com bons números”, analisou.
Lulinha lembra que o fato de ter feito, depois de muito tempo, uma pré-temporada completa ajudou, além da presença do técnico brasileiro Fábio Lefundes que, assim como ele, fez carreira na Ásia, passando por Catar, Arábia Saudita, Coreia do Sul e China.
“O Fábio me conhecia, conhecia minhas características, onde eu poderia render melhor. Isso ajudou muito”, ressaltou.
Na Indonésia, Lulinha viu uma relação diferente dos torcedores com o futebol. “Eles são muito apaixonados”. O brasileiro comentou que, em muitos clássicos, os times acabam indo ao estádio em tanques de guerra, tamanha a rivalidade e violência dos torcedores.
“Eu já vi gente ter de ir para jogo em tanque de guerra, porque a rivalidade é muito grande entre as equipes. Isso acaba acontecendo. Comigo, ainda não aconteceu, até porque o meu clube não tem tanta rivalidade com os outros. Nossa torcida recebe bem os torcedores adversários, até recebeu o troféu de melhor torcida”, contou.
Lulinha estreou com um hat-trick na Indonésia: foram três gols na goleada de 8 a 0 do Madura contra o Barito Putera. Foram 12 gols e quatro assistências em 29 jogos na Liga Indonésia na primeira temporada por lá. Na última, Lulinha marcou cinco gols em 19 partidas, e acertou a permanência para um terceiro ano.
“Na próxima temporada, já acertei aqui, estamos disputando um campeonato de pré-temporada. Praticamente saíram todos os jogadores que estavam na última temporada. Com a experiência que tenho de Ásia, estou aqui para ajudar e passar experiência para essa garotada que chegou aqui”, projetou.
Hoje mais experiente, aos 34 anos, Lulinha está feliz. Refletindo sobre a carreira, mostra gratidão pelos rumos que a vida o levou. Não são melhores ou piores do que os que eram projetados para ele no início de carreira. Afinal, como disse John Lennon, “a vida é o que acontece enquanto você está fazendo outros planos”. E Lulinha é grato pelo que aconteceu na vida dele.
“Estou feliz. Paro, penso e vejo que tudo o que aconteceu na minha vida teve um propósito. Até hoje. Eu estar aqui na Ásia, às vezes estou aqui para ajudar um companheiro, um cara que está vindo para a Ásia pela primeira vez. O futebol me deu tudo, jogo futebol desde meus seis, sete anos. Através do futebol que sustento minha família, dou coisas para meus pais, minhas filhas. Sou muito feliz e grato pelo dom de jogar futebol”, começou por refletir.
“Algumas pessoas podem falar que não deu certo. Mas sempre costumo dizer: jogo futebol até hoje, estou com 34 anos, nunca tive lesão, desconforto. Sou muito grato a Deus, quero continuar fazendo isso. Me sinto bem, fisicamente, mentalmente. Quando chegar o momento que não posso mais ajudar, que não tenho mais perna para correr, vai ser o momento de parar. Mas me vejo longe disso, apesar da minha dedicação. Continuar ajudando, trabalhando, porque ainda tem muita coisa pela frente”, arrematou.
Fonte: Ogol
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