A Venezuela que realizará eleições presidenciais neste domingo (28) está muito distante daquela que foi às urnas em 2018 – quando enfrentou hiperinflação, escassez e instabilidade cambial, entre outros males -, embora problemas de longa data como baixos salários, pobreza e crise de serviços ainda persistam. Os dez candidatos, incluindo o presidente, Nicolás Maduro, prometem um mandato de seis anos de oportunidades para todos, inclusive para os migrantes que desejam retornar ao país, com planos de recuperação e, acima de tudo, melhorias nas condições de vida e renda.
O Produto Interno Bruto (PIB), que caiu mais de 70% entre 2013 e 2020 – de acordo com estimativas independentes – vem melhorando desde 2021, e as autoridades preveem um crescimento de mais de 8% neste ano. Somente em 2018, ele sofreu uma contração de 19,6%, de acordo com o Banco Central da Venezuela (BCV).
Em 2018, o país experimentava uma hiperinflação que fechou o ano em 130.060% e durou por um período de quatro anos, até o final de 2021, após o qual iniciou um processo de desaceleração no ritmo de crescimento dos preços, com altos e baixos, que atingiu 1% no mês passado, seu nível mais baixo desde 2012.
Prateleiras vazias eram a imagem comum em 2018, quando a oferta era de apenas 30%, de acordo com dados fornecidos pela Associação Nacional de Supermercados e Lojas de Autosserviço (ANSA), que hoje estima essa porcentagem em 98%.
De acordo com a Pesquisa de Condições de Vida (Encovi), 91% da população era pobre por nível de renda – 75% em pobreza extrema – em 2018, como resultado da “hiperinflação e escassez”, números que caíram após a “liberalização econômica” para 82,8% em pobreza geral e 50,5% em pobreza extrema em 2023.
A produção tem se recuperado constantemente desde 2020, quando caiu para 569 mil barris por dia (bpd) devido à pandemia de covid-19 e às sanções econômicas, e atingiu 783 mil bpd no ano passado. No entanto, ainda está aquém do nível de 2018 de 1,51 milhão de bpd. No primeiro semestre de 2024, ultrapassou 900 mil bpd, e o governo estima que fechará este ano em 1 milhão bpd.
Em 2018, o país sofreu milhares de falhas de energia que o governo atribuiu a atos de sabotagem ou à ação de animais, como iguanas, mas, de acordo com especialistas, isso se deveu à falta de manutenção, à corrupção e à fuga de talentos devido à migração, uma crise que foi exacerbada no ano seguinte com apagões prolongados e que hoje persistem, especialmente nas regiões mais distantes da capital.
Há seis anos, o bolívar, moeda local, estava perdendo seu valor em um ritmo vertiginoso, levando o governo a eliminar cinco zeros em 2018 e outros seis em 2021 – 14 no total, se contarmos os três zeros eliminados em 2008. Hoje, o bolívar ganhou estabilidade, desvalorizando-se apenas 1,23% no primeiro semestre do ano. No mesmo período de 2018 tinha caído mais de 90% em relação ao dólar no mercado oficial.
Em 2018, o país completou 15 anos sob um controle de câmbio que deu ao Estado o monopólio da gestão de moeda estrangeira e um controle de preços que, junto com a tributação maciça, gerou escassez aguda de produtos de primeira necessidade, políticas que foram relaxadas nos últimos anos e agora estão sendo suspensas.
As autoridades afirmam que hoje a Venezuela “é um dos países com o menor desemprego da região”, embora o Instituto Nacional de Estatística (INE) não tenha atualizado esses dados desde 2018, quando a “taxa de desemprego” estava em torno de 7%.
A Venezuela nas eleições de maio de 2018 tinha um salário mínimo – a referência para outros salários do setor público – de 1 milhão de bolívares, então equivalente a cerca de US$ 14 por mês pela taxa de câmbio oficial, e apesar de vários ajustes, hoje esse salário, que na moeda local é de 130 bolívares, é de apenas cerca de US$ 3,50 por mês.
Publicado por Carolina Ferreira
*Com informações da EFE
Fonte: Jovem Pan News
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