Julgamento da Operação Coffee Break: Dez Anos Após a Cassação de Bernal
Dez anos após a cassação do prefeito Alcides Bernal, o juiz Márcio Alexandre Wust, da 6ª Vara Criminal de Campo Grande, marcou a audiência de instrução e julgamento de 17 réus pelos crimes de corrupção e organização criminosa na Operação Coffee Break. De 4 de novembro a 2 de dezembro deste ano, políticos e empresários influentes enfrentarão um dos julgamentos mais emblemáticos da história recente da cidade.
O julgamento, inicialmente agendado para 22 de março de 2022, foi suspenso pelo ministro Antônio Saldanha Palheiro, do Superior Tribunal de Justiça, uma semana antes de começar. A suspensão durou dois anos, até que, em 15 de maio deste ano, a ação penal foi liberada para prosseguir.
O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) acusou um grupo de articular a cassação de Bernal mediante pagamento de propina em troca de cargos na prefeitura e para manter contratos bilionários. Bernal havia anulado o contrato com a Solurb, empresa com participação oculta de João Amorim, conforme apurado pela Polícia Federal.
O juiz Wust agendou as audiências para os dias 4, 11, 18, 25 de novembro e 2 de dezembro, das 13h às 18h. As sessões serão realizadas por videoconferência e contarão com a presença de figuras como o ex-governador André Puccinelli (MDB), o secretário estadual de Fazenda Flávio César de Oliveira, o presidente da Câmara Municipal Carlos Augusto Borges (Carlão), o presidente do Solidariedade Luiz Pedro Guimarães, os vereadores João Rocha (PP), Gilmar da Cruz e Otávio Trad (PSD), o presidente municipal do MDB Jamal Mohamad Salem, os empresários João Amorim e João Roberto Baird, e o ex-prefeito Gilmar Olarte, entre outros.
O senador Nelsinho Trad (PSD) e o empresário Carlos Eduardo Naegele, do Midiamax, fizeram acordos e se livraram da ação penal. A cassação de Bernal, ocorrida em 12 de março de 2014, foi orquestrada por um grupo que utilizava o termo “cafezinho” para se referir à propina paga. Por isso, o Gaeco nomeou a investigação de Operação Coffee Break.
A operação, deflagrada em 25 de agosto de 2015, resultou no afastamento de Gilmar Olarte da prefeitura e de Mário Cézar de Oliveira Fonseca (MDB) da presidência da Câmara Municipal. Flávio César assumiria o comando da prefeitura, mas a 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça anulou a cassação, restituindo Bernal ao cargo de prefeito.
A investigação da Polícia Federal revelou fraudes e pagamento de propina em licitações, incluindo um caso onde o ex-prefeito Nelsinho Trad foi acusado de receber R$ 50 milhões em propinas, o que incluiu a Fazenda Papagaio, avaliada em R$ 29 milhões. A ação por improbidade administrativa decorrente da Coffee Break está atualmente conclusa para sentença na 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos.




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