O presidente de Bangladesh, Mohammed Shahabuddin, anunciou nesta terça-feira (6) a dissolução do Parlamento e abriu assim o caminho para a formação de um governo interino, um dia depois da renúncia e fuga do país da até ontem primeira-ministra, Sheikh Hasina. A dissolução foi anunciada pelo gabinete presidencial em comunicado, após várias semanas de violentos protestos de rua que resultaram na renúncia de Hasina e nos quais mais de 400 pessoas morreram. “Como resultado da reunião do presidente Shahabuddin com os chefes das três forças de Defesa, diferentes líderes políticos, representantes da sociedade civil e líderes dos ‘Estudantes Contra a Discriminação’, o Parlamento foi dissolvido”, afirma o comunicado.
Shahabuddin cumpriu assim o ultimato dos líderes dos protestos estudantis, que levaram ao caos atual e à renúncia de Hasina depois de se tornarem violentos em meados de julho. Os líderes das manifestações tinham estabelecido um prazo até às 15h de hoje (horário local, 6h de Brasília) para dissolução do Parlamento, ou então intensificaram os protestos. Esta medida era um requisito fundamental para permitir a formação de um governo interino, conforme anunciou ontem o chefe do Exército de Bangladesh, Waker-Uz-Zaman, em um comunicado no qual confirmou a renúncia da ex-primeira-ministra e sua saída do país.
A composição do novo governo temporário ainda é desconhecida, embora os líderes estudantis tenham proposto o vencedor do Prêmio Nobel da Paz, Muhammad Yunus, como assessor principal do gabinete, com o aval do próprio. O governo interino terá como prioridade restabelecer a situação da lei e da ordem nas ruas, depois de o país ter vivido ontem o dia mais sangrento desde o início dos protestos estudantis, que começaram há um mês para reivindicar a anulação de um sistema de cotas para empregos públicos e acabaram exigindo a renúncia de Hasina após a brutal repressão às manifestações.
Pelo menos 99 pessoas morreram entre ontem e hoje, segundo um balanço elaborado pela Agência EFE, durante violentos confrontos que resultaram no incêndio de vários edifícios pertencentes a membros da Liga Awami e às sedes do partido. Isto eleva o número de mortos desde o início dos protestos, no início de julho, para mais de 400.
Hasina, a líder mais veterana do Sul da Ásia, renunciou ontem e deixou seu país rumo à Índia, encerrando seu governo de 15 anos.
*Com informações da EFE
Publicado por Fernando Keller
Fonte: Jovem Pan News
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