A mentalidade vencedora, que tanto é defendida por Arthur Elias, finalmente parece ter desembarcado na Seleção Brasileira Feminina. Após 10 meses de trabalho, o técnico foi responsável por colocar as Guerreiras do Brasil em uma final olímpica, depois de 16 anos.
A ambição e coragem das Guerras do Brasil, no entanto, fazem parte de um cenário recente. Mais precisamente, em dois jogos, contra a França, algoz das brasileiras e time responsável pela eliminação da Copa do Mundo de 2023 e a Espanha, melhor campeã do mundo.
‘Reizinho Arthur’. Assim Elias era conhecido por todo o trabalho que fez diante do Corinthians, time em que foi multicampeão. Mas sua unanimidade no futebol começou a ser questionada pouco tempo depois de assumir a seleção brasileira.
Se o seu estilo de jogo pudesse ser representado por um relacionamento nos dias atuais, ele seria lido como aberto e fluido. Afinal, é um técnico que não gosta do conceito de esquemas táticos, que costuma usar as jogadoras em diversas funções ao longo das partidas e luta por uma equipe agressiva no ataque. Não à toa, convocou sete atletas de frente.
Na fase de grupos dos Jogos Olímpicos de Paris, no entanto, seu jeito de lidar com o futebol ressoou como distante da realidade. Com mudanças drásticas a cada jogo, a seleção brasileira parecia não saber o significado da palavra sintonia – e constância.
Criticado, principalmente no jogo contra a Espanha, ainda na primeira fase, o técnico pediu para que suas crenças não fossem deixadas de lado.
“É uma reflexão geral que eu gostaria de fazer. A seleção brasileira nunca foi covarde e nunca vai ser. Essa palavra não existe. É sempre uma equipe empoderada e encorajada, que joga de maneira agressiva. E que só mudou o seu plano de jogo em um jogo, contra uma adversário fora da curva. Era isso que eu queria colocar para todos nós. Ter uma energia melhor e positivismo melhor vindo de fora”, declarou o técnico.
Depois de fazer um jogo pífio, que quase rendeu a eliminação do Brasil, a classificação para às quartas de final veio sem mérito. Como uma das melhores terceiras colocadas, a seleção – tida como mais fraca desta fase – voltou com uma escalação coerente e, dentro de campo, mais organizada. A lucidez gerou confiança, quase que imediata e por um placar magro, de 1×0, a seleção brasileira eliminou a França, dentro de casa. Mais um tabu foi quebrado e a fé em Arthur Elias parece ter sido restabelecida.
Contra a Espanha, Elias teve sua redenção. Um Brasil corajoso, forte e irretocável dominou o estádio de Paris. O time, apesar dos desfalques principais como Rafaelle, Tamires e Marta fez uma atuação de gala e arrancou quatro gols da melhor seleção do mundo.
A saída da Rainha Marta, certamente foi um vetor de mudança. Os dois jogos de glória, coincidentemente ou não, contaram com a ausência da número dez. Sem a veterana em campo, as jogadoras precisaram se esforçar ainda mais e mostraram que a renovação, tão sonhada desde a Era Pia, já é realidade. Marta volta a ficar disponível na final dos Jogos Olímpicos, contra os Estados Unidos, onde poderá se despedir da amarelinha, de forma honrosa.
Apesar do resultado, foi a performance brasileira que chamou atenção. As jogadoras conseguiram anular o envolvente meio de campo espanhol, com uma marcação agressiva quando estava sem a bola e forçou a adversária a jogar do jeito que elas esperam: pelos lados. Isso enfraqueceu tanto a Espanha, que num passe de mágicas, perdeu toda sua maestria e viu o Brasil crescer em cada erro de saída de bola, povoar o ataque adversário, ditar o ritmo da partida e, vencer – a seleção dita como irretocável.
E até poderia ser, se não tivesse batido de frente com um técnico que joga com todas as fichas e que não se contenta com pouco. As críticas ao estilo de Arthur Elias foram fundamentais para que os erros fossem reparados, e que a imperfeição, finalmente, pudesse atingir sua glória.
Fonte: Ogol
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