Fogo atingiu mais de 1 milhão de hectares no Pantanal, prejudicando pecuária e produção agrícola
A agropecuária de Mato Grosso do Sul sofreu um prejuízo estimado de R$ 1,4 bilhão entre os meses de junho e agosto de 2024, causado por incêndios que devastaram áreas rurais no Estado. Os dados são de um levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que contabilizou perdas em todo o Brasil na ordem de R$ 14,7 bilhões, atingindo 2,8 milhões de hectares de propriedades.
Impacto no Pantanal
No Pantanal sul-mato-grossense, estima-se que o fogo tenha devastado mais de 1 milhão de hectares entre 10 de junho e 10 de agosto, prejudicando 520 propriedades, conforme dados da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul).
As perdas foram calculadas com base em áreas queimadas indicadas por satélites, cruzadas com levantamentos de órgãos como o Mapbiomas e o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), além de dados de pastagens fornecidos pelo Lapig/UFG (Laboratório de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento).
Prejuízos em várias frentes
Os cálculos da CNA incluíram diversos tipos de perdas, como:
- Pecuária e pastagem: R$ 8,1 bilhões
- Produção de cana-de-açúcar: R$ 2,7 bilhões
- Destruição de cercas: R$ 2,8 bilhões
- Culturas temporárias e permanentes: R$ 1 bilhão
Em Mato Grosso do Sul, a destruição de cercas foi um dos fatores destacados pelo coordenador técnico da Famasul, André Luiz Nunes, que explicou como as imagens de satélite permitiram estimar essas perdas.
Metodologia da CNA
Para chegar aos valores divulgados, a CNA utilizou uma metodologia baseada na reposição da matéria orgânica perdida, prejuízos nas colheitas e nos pastos, além de danos às cercas. No caso da cana-de-açúcar, considerou-se o aproveitamento de 50% da produção queimada. Já na pecuária, foi considerada a perda de produtividade durante 150 dias, que é o período necessário para a recuperação básica dos pastos.
Expectativa de novos dados
No Pantanal, as perdas estão sendo apuradas pelo Senar-MS e pela Famasul, que estão conduzindo o Projeto SuperAção Pantanal, com 20 técnicos atuando no levantamento de danos em 520 propriedades rurais. Dados preliminares serão divulgados quando 100 propriedades tiverem sido avaliadas.
André Luiz conclui que os impactos negativos já são visíveis no Valor Bruto da Produção (VBP) e no Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio estadual, que devem sentir os efeitos desses incêndios ao longo de 2024.
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