Copom sobe o tom sobre gastos do governo: ‘afeta os preços dos ativos de forma relevante’

Copom sobe o tom sobre gastos do governo: ‘afeta os preços dos ativos de forma relevante’

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) indicou que está monitorando a preocupação do mercado em relação aos gastos do governo.

“A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal tem afetado, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco e a taxa de câmbio”, afirmou o colegiado do BC no comunicado que acompanhou a decisão desta quarta-feira (6) de elevar a taxa básica de juros em 0,5 ponto, a 11,25% ao ano, em decisão unânime.

Com isso, a Selic voltou ao patamar em que estava até março, quando então a autoridade monetária cortou a taxa para 10,75% anuais.

No documento, o Copom reforçou pontos da reunião anterior, de setembro, quando iniciou o ciclo de aumento do juro.

Por exemplo, o colegiado citou que a expectativa do mercado para a inflação está alta, de de 4,6% e 4%, em 2024, 2025, respectivamente.

Enquanto isso, a perspectiva para a inflação de 18 meses adiante serve de referência para o BC decidir o que fazer com a política monetária.

E segundo a autarquia, a previsão do mercado para o segundo trimestre de 2026 é que o IPCA terá variação acumulada em 12 meses de 3,6%.

Isso está acima do centro da meta a ser perseguida pelo BC, de 3% ao ano.

A manifestação do Copom acontece nas vésperas de um esperado ajuste fiscal a ser anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Economistas de bancos estimam que o corte de custos do governo no orçamento de 2025 seja na faixa de R$ 30 bilhões a R$ 50 bilhões.

Com isso, as preocupações com um crescimento insustentável da dívida pública nos próximos anos poderia diminuir.

Como consequência, preocupações com a inflação também diminuiriam, abrindo espaço para alguma recuperação do real ante o dólar.

A decisão do Copom também chega um dia antes da reunião do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos).

Na quinta-feira (7), o Fed deve anunciar corte de 0,25 ponto na taxa básica dos EUA, hoje na faixa de 4,75% a 5% ao ano.

Além disso, o comunicado cita um conjunto de fatores que podem manter a inflação pressionada nos próximos meses.

Dentre eles, estão:

“O Comitê avalia que há uma assimetria altista em seu balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação”, resumiu o BC.

Os diretores do BC voltam a se reunir nos dias 10 e 11 de dezembro para uma nova decisão sobre a Selic.

 

Fonte: Inteligência Financeira

Comentários