Vice-campeã da Euro 2024, o que a Inglaterra realmente precisa para conquistar a Copa do Mundo de 2026? Bem, segundo muitos torcedores e jornalistas ingleses, a resposta parece ser Ollie Watkins!
O atacante do Aston Villa marcou um gol na vitória por 3 a 0 da Inglaterra sobre a Grécia na última quinta-feira. Ele foi escalado como titular em Atenas, à frente de Harry Kane, uma decisão bem recebida por um grupo de seguidores da Inglaterra que já considera seu capitão um jogador superado no grupo.
Kane voltou ao time titular do técnico interino Lee Carsley na vitória decisiva por 5 a 0 sobre a República da Irlanda em Wembley no domingo. No entanto, apesar de marcar seu gol habitual, o atacante de 31 anos do Bayern de Munique ainda enfrentou críticas de um público exigente que perdeu a paciência com o maior artilheiro da história da seleção inglesa.
Carsley fez questão de ressaltar que ele “não deixou Harry Kane de fora” e que a titularidade de Watkins foi mais “uma questão de dar a outra pessoa uma oportunidade”. Mesmo assim, o atacante do Villa é cada vez mais visto como o herdeiro legítimo do trono de Kane, que está sob pressão.
Enquanto isso, Kane insiste que se vê jogando com a camisa da Inglaterra além da Copa do Mundo de 2026.
Como chegamos aqui? Por que Kane está sob pressão?
A resposta a essa pergunta remonta diretamente ao desempenho profundamente confuso da Inglaterra no torneio na Alemanha durante o verão. Kane pode ter vencido o cobiçado Troféu Gerd Muller (junto com Kylian Mbappé) na recente cerimônia do Ballon d’Or em Paris, mas suas atuações abaixo do esperado pela seleção inglesa, que lutou para chegar à final da Euro 2024, estão longe de serem esquecidas.
Sob o comando de Gareth Southgate, que agora deixou o cargo, a Inglaterra teve dificuldades em jogar com intensidade durante as finais, e Kane parecia estar engessado na maior parte do tempo. Embora não tenha sido o único jogador inglês a sofrer uma queda na performance durante a Euro, Kane foi apontado como o principal bode expiatório pelo fracasso da Inglaterra em vencer na Alemanha (mesmo tendo terminado como artilheiro do torneio) e a pressão está alta.
Há elementos de verdade nos argumentos atualmente feitos contra Kane como titular da Inglaterra, pois, agora na casa dos trinta anos, o ex-atacante do Spurs pode ser previsível em sua construção de jogadas e certamente carece da velocidade e mobilidade para abrir defesas nos dias de hoje.
Quando se considera que o capitão da Inglaterra ainda estava se recuperando de uma lesão nas costas durante a Euro 2024, parece que um Watkins totalmente apto deveria ter acumulado mais do que os meros 60 minutos de tempo de jogo que teve no verão.
Watkins é a resposta?
Apesar de algumas exibições decepcionantes com a camisa da Inglaterra, a ideia de que Kane está acabado e deve ser substituído pelo novo técnico da Inglaterra, Thomas Tuchel, ainda é bastante absurda.
Como mencionado, Kane foi coroado o atacante mais prolífico da Europa na última temporada e já marcou 20 gols em 21 jogos por clube e seleção na campanha 2024/25. Quando se adiciona a habilidade comprovada de Kane em criar gols, ele esteve envolvido em incríveis 28 gols (20 gols e 8 assistências) nesta temporada.
Comparando o desempenho prolífico de Kane com seus compatriotas, a onda de sentimento anti-Kane beira o bizarro.
Isso nos leva a Watkins. Embora não haja como negar que o ex-jogador do Exeter City e Brentford de 28 anos deu passos enormes no Villa sob a tutela de Unai Emery, ainda parece um grande exagero sugerir que ele está pronto para substituir o capitão da Inglaterra.
Na última temporada, em todas as competições, Watkins marcou 28 gols e forneceu 13 assistências – 41 participações em gols – o que é muito bom, mas Kane acumulou impressionantes 51 gols e 13 assistências (64 participações em gols) em comparação.
Nesta temporada, Watkins tem apenas seis gols e quatro assistências por clube e seleção – e fica atrás de Danny Welbeck, do Brighton, quando se trata dos centroavantes ingleses mais produtivos na Premier League. Há até um argumento a ser feito de que, se o 12º jogador do Villa, Jhon Duran, continuar brilhando, Watkins pode não ser nem mesmo titular garantido no clube em um futuro próximo.
O desafio de Tuchel
Em um movimento que parece ter sido muito inteligente, o novo técnico da Inglaterra, Thomas Tuchel, assumiu o cargo com um único foco: a Copa do Mundo de 2026.
O ex-técnico do Borussia Dortmund, Chelsea, PSG e Bayern de Munique assinou apenas um contrato de 18 meses e estará focado exclusivamente na glória da Copa do Mundo nos EUA, México e Canadá em dois anos. Apesar dos clamores para que Kane seja afastado, é muito provável que Tuchel precise do maior artilheiro da Inglaterra se quiser alcançar esse objetivo ambicioso.
Em 45 jogos sob o comando de Tuchel no Bayern, Kane marcou 44 gols – e seria um choque se o técnico alemão de 51 anos não colocasse sua confiança no único atacante de elite comprovado que tem à sua disposição.
Os apelos atuais para que Kane seja descartado parecem bastante fantasiosos, dado que os gols são a principal moeda no futebol, e ele ainda os marca em abundância.
No entanto, Tuchel deve definitivamente estar ciente do cenário em relação a Kane e do potencial para que a Inglaterra acabe em uma situação semelhante à que Portugal alcançou com Cristiano Ronaldo.
No caso de CR7, 135 gols em 217 jogos internacionais estão em desacordo com a sensação de que ele está pelo menos parcialmente segurando uma ‘Geração de Ouro’ portuguesa. Esse sentimento foi talvez mais pronunciado durante a Euro 2024, quando jogadores como Gonçalo Ramos e Diogo Jota ficaram no banco enquanto Ronaldo jogou 485 minutos sem marcar um gol.
Embora um grande grupo de torcedores ingleses deva ter cuidado para não dar por garantido um tesouro nacional, é justo dizer que os dias de Kane ser titular garantido para seu país, aconteça o que acontecer, estão chegando ao fim.
Uma coisa é clara: Tuchel precisa encontrar uma maneira de rapidamente mudar a narrativa em relação a Kane, caso contrário, o barulho em torno do futuro do capitão da Inglaterra se tornará ensurdecedor.
Fonte: Ogol
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