Sociedade brasileira precisa buscar novas formas de financiamento imobiliário, diz diretor do BC
Questionado sobre o pleito da Caixa Econômica Federal da redução da alíquota do compulsório, o diretor de fiscalização do Banco Central (BC), Ailton de Aquino Santos disse que as conversas continuam e que o BC nunca se fecha para nenhum tipo de conversa. Durante entrevista coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira do primeiro semestre, o diretor afirmou também que acha possível “buscar alternativas” para o crédito imobiliário.
O compulsório é o percentual de depósitos que cada banco deverá manter no Banco Central em relação aos recursos que captar. Os objetivos são promover a estabilidade financeira, controlar a liquidez do sistema financeiro e a expansão do crédito.
Aquino afirmou que a sociedade brasileira “precisa buscar novas formas de financiamento para o crédito imobiliário”.
O diretor disse que os estudos sobre crédito imobiliário sempre vão continuar no BC e “o compulsório é um item que está na mesa, mas provavelmente não temos horizonte para nenhuma manifestação clara acerca desse ponto”.
Questionado sobre o que poderia ser feito para que o funding cresça, o diretor disse que “a gente precisa repensar o funding do sistema financeiro e tenho pra mim também que a gente precisa até trazer um novo olhar do que seja funding, o que seja esse desenho que a gente vem construindo até hoje”.
O diretor afirmou que o BC está estudando outras formas de financiar, mas que não adiantaria. “A gente continua, temos estudos em curso, debates e com a indústria. Não vou antecipar nada, mas obviamente a gente vem estudando esse assunto.”
Durante a coletiva, Aquino afirmou que percebe “claramente” um amadurecimento dos bancos digitais. “Temos um grupo de instituições relevantes, bancos digitais com mais de 30 milhões de clientes nas suas plataformas e como eles conseguiram aprender com o mercado, com o sistema financeiro brasileiro”, disse.
O diretor disse que não gostas de citar instituições, mas há o exemplo claro do Nubank “e como ele conseguiu aprender a compreender o mercado brasileiro e atingir quase 100 milhões de clientes”.
Sobre os níveis de provisão, Aquino destacou o sistema é bem provisionado. Aquino destacou que bancos públicos e o segmento S1, composto pelas instituições maiores, tem mais provisão que a perda esperada. Já os bancos digitais têm uma perda esperada e provisão constituída quase na mesma dimensão.
Tratando dos bancos digitais, o diretor ressaltou que é contador e que poderia dizer que há pouca gordura no provisionamento, mas que elas têm um modelo de crédito robusto que não exige preocupação.
“Tem menos provisão do que bancos públicos e ou bancos privados s1, que acho que é pelo nível de amadurecimento”, disse.
O diretor ainda foi questionado sobre a notícia de que o Nubank estaria estudando mudar o domicílio de sua holding das Ilhas Cayman para o Reino Unido. Aquino disse que sabe da iniciativa e explicou que há uma proximidade do BC “muito forte” com as instituições brasileiras.
“Dado o grau de relevância da instituição que você apontou, a supervisão vem sempre conversando, temos um diálogo muito próximo”, disse.
Segundo o diretor, a questão “está no nosso radar” e há uma tranquilidade “muito forte dos movimentos e plano estratégico da instituição”.
*Com informações do Valor Econômico
Fonte: Inteligência Financeira
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