Pecuária é ineficiente no Brasil e soja avançará sobre áreas de criação de gado, diz CFO da SLC
A soja e outras culturas podem vir a ocupar o lugar do gado em áreas degradas do país. A ideia é recuperar terrenos e dar ganho de produtividade ao agronegócio no Brasil. É o que destaca o diretor de relações com investidores e CFO da SLC Agrícola (SLCE3), Ivo Brum.
Dessa maneira, Brum mencionou o desafio de aumentar a produção do setor sem precisar derrubar mais vegetações nativas.
Ele falou à Inteligência Financeira em entrevista exclusiva.
Então, os empreendimentos agrícolas assumiriam áreas hoje dedicadas à pecuária.
“Historicamente, a produção de pecuária no Brasil é ineficiente. Em alguns países do mundo você têm quatro, cinco, seis cabeças de gado por hectare. Aqui no Brasil, é uma cabeça de gado por hectare”, diz o executivo.
O CEO e cofundador da Boa Safra (SOJA3), Marino Colpo, já havia mencionado anteriormente, em entrevista à Inteligência Financeira, sobre a conversão gradual de pastos em áreas agriculturáveis. Isso segundo ele seria uma forma de crescer a produção de soja e dar mais sustentabilidade ao agro.
“O ganho energético ou aproveitamento energético por hectare é muito maior (na produção de soja) do que o boi no pasto, que é uma forma menos eficiente (de uso do território)”, disse Colpo na época.
Dessa maneira, Brum vê “espaço significativo de melhoria” para a pecuária no que diz respeito ao aproveitamento do solo. Ele menciona técnicas de confinamento de gado como forma de reduzir a área utilizada para criação e aumentar o terreno dedicado à agricultura.
“Atualmente, o Brasil tem aproximadamente 150 milhões de hectares em pastos e alguns desses, degradados. Então, fazer a conversão de pasto é uma maneira de crescer a área da agricultura”, diz Brum.
Assim, o executivo da SLC Agrícola (SLCE3) menciona pesquisa da Embrapa que identificou aproximadamente 30 milhões de hectares voltados para pastagem que teriam condições de serem convertidos em plantio.
Dessa forma, a título de comparação hoje o Brasil planta 48 milhões de hectares de soja. É o principal produto agrícola do país. Assim, a soja pode ser usada em boa parte das conversões de pasto junto a outras culturas da rotação.
“A partir da safra 2020/21, a gente decidiu não abrir mais áreas brutas e só trabalhar com conversão de pasto. Eu acho que é uma tendência natural do agricultor brasileiro do ponto de vista ambiental”, analisa Brum.
Ainda assim, o executivo diz que não há exatamente uma disputa pelas terras disponíveis entre a pecuária e a agricultura. Mas, sim, uma combinação mais eficiente das atividades no território nacional.
Dessa maneira, Brum cita que as boas iniciativas de recuperação de áreas degradadas estão atreladas às atividades de rotação das culturas.
“Invariavelmente, trabalhamos com rotação de culturas. Por isso, plantamos soja, milho e algodão, fazendo a rotação entre elas”, explica o CFO da empresa.
Então, ele explica que em muitos casos o gado pode ser usado como “terceira safra” nas propriedades majoritariamente agrícolas para descansar o solo.
“Nesse caso, é plantada a soja e depois você pode botar braquiária (planta voltada para consumo de animais) para alimentar o gado. A braquiária tem raízes profundas. Nesse sentido, elas trazem os nutrientes da parte mais profunda do solo, e isso vai te enriquecendo a vegetação e a microbiologia daquela área”, acrescenta o CFO da SLC (SLCE3).
Fonte: Inteligência Financeira
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