Juros futuros longos recuam com apoio externo e expectativa por pacote fiscal
A escolha de Scott Bessent para chefiar o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos derrubou as taxas dos Treasuries americanos, o que abriu espaço para uma redução relevante do prêmio de risco precificado na parte longa da curva de juros futuros doméstica. O ambiente externo ainda foi benigno por conta da possibilidade de um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah no Líbano, que reduziu o temor geopolítico dos agentes.
Enquanto isso, no Brasil, os investidores seguem à espera do anúncio do pacote de corte de gastos. Hoje, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e os demais chefes de pastas que compõem a Junta de Execução Orçamentária (JEO) passaram boa parte do dia reunidos com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para apresentar os detalhes das medidas de ajuste fiscal, que podem ser anunciadas amanhã.
Ao fim do pregão, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento de janeiro de 2026 teve alta de 13,245% do ajuste anterior a 13,28%; a do DI de janeiro de 2027 recuou de 13,38% para 13,35%; a do DI de janeiro de 2029 teve queda de 13,205% a 13,125%; e a do DI de janeiro de 2031 cedeu de 13,05% para 12,97%.
Nos Estados Unidos, a taxa da T-note de dez anos exibia forte queda ao redor do horário de fechamento do mercado doméstico, passando de 4,411% para 4,268%.
A nomeação de Bessent como futuro secretário do Tesouro americano deu ao mercado a percepção de que o segundo governo de Donald Trump poderá adotar uma postura mais moderada na política econômica – alvo de preocupação de economistas e gestores por conta de seu potencial inflacionário e deficitário.
A nomeação do futuro secretário do Tesouro americano levou a uma redução da força do dólar em nível global e à retirada de prêmios na curva de juros americana, o que abre uma “janela de oportunidade” para os ativos locais, aponta Dan Kawa, gestor da We Capital, em postagem nas redes sociais.
“Sua política fiscal mais responsável e sua visão de um dólar fraco ajudam a acomodar as taxas de juros longas nos EUA e a frear – mesmo que pontualmente – o movimento de dólar forte no mundo. Estes são dois movimentos que vinham ajudando a causar pressão negativa nos ativos locais. Agora, o Brasil precisa fazer o seu ‘dever de casa’, mostrando vontade política em promover um ajuste de gastos públicos que seja crível e viável”, escreve Kawa.
Conforme noticiou o Valor, pesquisa realizada pela XP Investimentos mostra que o mercado espera uma economia de R$ 27,5 bilhões em 2025 e mais cerca de R$ 40 bilhões para o ano seguinte. Se o pacote agradar os investidores, há espaço para uma melhora dos ativos locais, mas não há consenso sobre quanto tempo isso duraria.
De olho no que o governo entregará, a economista-chefe do Santander, Ana Paula Vescovi, avalia em relatório que o fiscal deve definir o ritmo de aumento da taxa Selic nas próximas reuniões do Copom. Por enquanto, o banco mantém a previsão de que o colegiado vai manter o ritmo de 0,5 ponto percentual, mas uma aceleração para 0,75 ponto não está descartada.
O relatório Focus de hoje corrobora a preocupação com a perspectiva inflacionária. A projeção dos economistas do mercado aponta para um IPCA de 4,34% ao fim de 2025, de 4,12%, além de taxa Selic em 12,25% no mesmo período – de 12% anteriormente. A mediana do Focus ainda aponta para uma alta de 0,5 ponto da Selic em dezembro, diferente do aumento de 0,75 ponto precificado na curva de juros futuros e no mercado de opções digitais para Copom.
*Com informações do Valor Econômico
Fonte: Inteligência Financeira
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