Quarta-feira, Novembro 27, 2024
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Indígenas ficam feridas após ação para desbloquear rodovias em Dourados

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Indígenas ficam feridas após ação para desbloquear rodovias em Dourados

Pelo menos duas indígenas da Reserva de Dourados precisaram de atendimento em hospital após ação que terminou em confronto entre policiais militares do Batalhão de Choque e moradores das aldeias Bororó e Jaguapiru, que protestam contra a falta de água na região.

O fato ocorreu na manhã desta quarta-feira (27/11), durante determinação para desbloqueio da MS-156, rodovia que liga o município até Itaporã. 

Durante o ato, disparos com bombas de efeito moral e balas de borracha foram realizados por parte dos servidores da segurança pública. Já os indígenas resistiram ao despejo e mantiveram o bloqueio. Neste momento, a via segue interditada e não há previsão de liberação. 

Também há relatos de viaturas da PM atingidas por objetos e policiais feridos. 

O Dourados News entrou em contato com a assessoria de imprensa da Sejusp (Secretaria de Estado de Segurança Pública) pedindo um balanço sobre as ações, porém, não obteve retorno. O mesmo ocorreu junto ao 3º Batalhão de Polícia Militar, em Dourados. O espaço segue aberto, caso haja manifestação das partes. 

Conforme mostrado nesta manhã, os servidores entraram na Reserva Indígena e desbloquearam inicialmente a estrada próxima ao Hospital da Missão.

Naquele trecho ocorreu o primeiro confronto diante da resistência da comunidade que busca solucionar o problema da falta de água potável aos moradores, que dura anos.

Mais tarde, a tropa se deslocou até a MS-156 na tentativa de acabar com o bloqueio, porém, houve reação e o clima de tensão tomou conta do local, resultando em pessoas feridas. 

Negociações

Na tarde de ontem (26/11), um boletim de ocorrência foi registrado na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) de Dourados tendo como vítima a ‘coletividade’. 

De acordo com a denúncia, durante as negociações, lideranças disseram ter acordado para a oferta de quatro cargas d’água em carros pipa pela Sanesul e outras duas autorizadas pela prefeitura de Itaporã para colocar fim à interdição. 

Porém, segundo o registro policial, a medida foi levada a discussão entre os indígenas, que não aceitaram a proposta, incluindo a intenção de inflamar os populares por parte de um dos envolvidos.

O caso foi registrado como ‘atentado contra a segurança de serviço de utilidade pública’. 

Em entrevista à imprensa na manhã desta quarta, durante a abertura do Fórum de Mudanças Climáticas, em Campo Grande, o governador Eduardo Riedel (PSDB) disse que o Estado não pode ficar refém de interesses políticos, lembrando do acordado na tarde de ontem, desfeito após o pronunciamento de um dos líderes.  

“O Estado ele não pode ficar refém de interesses políticos dentro da comunidade indígena”, afirmou. 

Protesto

Desde a manhã de segunda-feira, manifestantes permanecem no local e exigem soluções definitivas para a escassez hídrica nas aldeias Bororó e Jaguapiru. O problema é antigo, porém, nunca foi solucionado. 

Em entrevista ao Dourados News no primeiro dia de bloqueio, o capitão Ramão Fernandes, cobrou ações como a perfuração de poços artesianos e o envio diário de água, até que os poços estejam prontos. 

“Queremos um compromisso formalizado, com contrato assinado, garantindo a perfuração dos poços. Não vamos aceitar promessas vazias novamente”, afirmou o líder indígena.

Diferentemente de protestos anteriores, quando a rodovia era liberada em intervalos, desta vez o bloqueio é total e contínuo, impossibilitando o trânsito.

Fernandes ressaltou que a decisão de manter a via fechada por tempo indeterminado reflete o estado crítico enfrentado pelas comunidades, que sofrem há mais de cinco anos com a falta de água potável.

“A situação é insustentável. Não temos água para nossas famílias, e até os animais estão morrendo de sede. Este protesto é nossa última alternativa para sermos ouvidos pelas autoridades”, concluiu.

Direito constitucional

Em nota distribuída à imprensa nesta manhã, a Sejusp alega que os policiais militares agiram para “garantir os direitos constitucionais” após esgotadas todas as vias de negociação com os líderes do movimento. 

A ação contou com apoio do Corpo de Bombeiros e da Agesul, que deram suporte. 

“A Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, esgotadas todas as vias de negociação, e para garantir os direitos constitucionais, agiu na manhã desta quarta-feira (27) para desobstruir as rodovias estaduais que estavam bloqueadas. Com apoio do Corpo de Bombeiros Militar e de equipes da Agesul, removeram entulhos e apagaram focos de incêndios nas pistas. As forças de segurança manterão efetivo para garantir paz em todo território sul-mato-grossense. O governo estadual reforça seu compromisso com a transparência, refutando iniciativas politico-eleitoreiras, e age em prol de um caminho de justiça e respeito. Em tempo, o governo de MS, por meio da SEC, se manteve em contínuo diálogo com todos os envolvidos em busca, sempre, de uma solução pacífica, e lamenta episódios de agressões e enfrentamentos”.

 

 

 

Fonte: Dourados News

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