Apenas Pollon, Rodolfo e Geraldo apoiam CPI para investigar venda de sentenças no Judiciário

Proposta enfrenta resistência, apesar do escândalo envolvendo desembargadores do TJMS

Apenas três dos oito deputados federais de Mato Grosso do Sul manifestaram apoio à criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a venda de sentenças no Poder Judiciário. São eles: Geraldo Resende (PSDB), Marcos Pollon e Rodolfo Nogueira, ambos do PL. Apesar de o Estado estar no centro de um dos maiores escândalos nacionais, a maioria da bancada sul-mato-grossense resiste à iniciativa.

A proposta da CPI foi apresentada pelo deputado federal Alfredo Gaspar (União Brasil-AL) e conta, até o momento, com 108 assinaturas, das 171 necessárias para sua abertura.

Escândalo em MS

O debate ganhou força após a Operação Ultima Ratio, conduzida pela Polícia Federal, que resultou no afastamento e monitoramento eletrônico de desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), incluindo o presidente Sérgio Fernandes Martins e outros quatro magistrados de alta cúpula. A investigação também alcança desembargadores aposentados e um juiz da 2ª Vara Cível de Campo Grande.

Apesar da gravidade do caso, cinco parlamentares de MS se opõem à CPI: Beto Pereira (PSDB), Dagoberto Nogueira (PSDB), Camila Jara (PT), Vander Loubet (PT) e Dr. Luiz Ovando (PP).

Dagoberto justificou sua posição, afirmando que, caso o próprio Judiciário investigue e apresente uma resposta satisfatória para os fatos, não haveria necessidade de uma CPI. “Se o Judiciário não der uma resposta para isso tudo que aconteceu, aí, sim, podemos montar uma CPI”, declarou ao Campo Grande News.

Já Vander Loubet teme que a investigação intensifique a tensão entre o Legislativo e o Judiciário, mencionando o atual conflito sobre o controle das emendas parlamentares.

Histórico de investigações

A última vez que o Congresso investigou o Poder Judiciário foi em 1999, na CPI do Fórum Trabalhista de São Paulo, que levou à cassação do senador Arnaldo Estevão e ao escândalo envolvendo o juiz Nicolau dos Santos Neto, conhecido como Lalau.

Atualmente, a Polícia Federal também apura casos de venda de sentenças em outros seis estados além de Mato Grosso do Sul: Mato Grosso, Bahia, Tocantins, São Paulo, Espírito Santo e Maranhão.

A proposta da CPI segue em tramitação, aguardando adesão de mais parlamentares para avançar.

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