Passageiros relataram até 12 horas sem alimentação e o governo brasileiro cobra explicações sobre o tratamento
O segundo voo com brasileiros deportados dos Estados Unidos sob o novo governo de Donald Trump pousou na noite desta sexta-feira (7) no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins. A aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) transportava 96 pessoas, que fizeram uma primeira parada em Fortaleza antes de seguirem para Minas Gerais. Ao todo, 111 brasileiros foram deportados nesta operação.
Passageiros relataram que passaram até 12 horas sem alimentação durante o voo e que viajaram algemados, prática adotada pelo governo americano em operações de deportação. No entanto, ao chegarem em Fortaleza, as algemas foram removidas antes do embarque para Belo Horizonte. A recepção aos deportados contou com o apoio do governo brasileiro, e a Fecomercio anunciou que fornecerá transporte, alimentação e hospedagem no Sesc Venda Nova, em Belo Horizonte, por um período de dez dias. Além disso, será oferecida capacitação profissional para os interessados.
Críticas ao uso de algemas e resposta do governo brasileiro
O uso de algemas durante o voo gerou novo impasse diplomático entre Brasil e Estados Unidos. No primeiro voo de deportados da gestão Trump, em janeiro, brasileiros desembarcaram algemados durante uma conexão em Manaus, o que provocou críticas e levou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, a determinar que esse tipo de procedimento não fosse mais adotado.
Apesar da orientação, o novo episódio reacendeu a polêmica. O Itamaraty informou que cobrará explicações do governo americano sobre as condições em que os deportados foram transportados. Para acompanhar o embarque mais recente, o Brasil enviou um diplomata, com o objetivo de garantir um tratamento mais humanizado aos repatriados.
Reforço na política de deportações nos EUA
Desde 2020, mais de 7.000 brasileiros foram deportados dos Estados Unidos. O governo Trump tem adotado medidas cada vez mais rígidas contra a imigração irregular, priorizando expulsões em massa, uma das principais promessas de campanha do ex-presidente. O endurecimento das políticas migratórias tem gerado críticas de organizações de direitos humanos e tensões diplomáticas com países afetados, como o Brasil.
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