Sexta-feira, Fevereiro 21, 2025
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InícioPOLÍTICADelação de Mauro Cid é peça-chave na denúncia contra Bolsonaro

Delação de Mauro Cid é peça-chave na denúncia contra Bolsonaro

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Finalmente, a delação de Mauro Cid foi liberada. Se, de um lado, os opositores de Bolsonaro esfregam as mãos por agora contarem com subsídios para atacar o desafeto, por outro, a defesa busca falhas no depoimento para desqualificar as acusações. Embora o julgamento deva ser jurídico, avaliando os acontecimentos sob a luz da legislação, é impossível ignorar os aspectos políticos que já começam a ser considerados, tanto pela acusação quanto pela defesa.

Basta acompanhar o noticiário sobre o assunto. Comentaristas, entrevistados e especialistas vão às emissoras de rádio e televisão e participam de reportagens em jornais e revistas analisando os fatos — muitas vezes, sob o prisma de sua ótica ideológica.

Quem não gosta de Bolsonaro não esconde a intenção de encontrar argumentos que justifiquem sua futura condenação. Seus admiradores, ao contrário, buscam falhas e lacunas que possam inviabilizar as acusações. Em um mesmo programa, com todos os participantes antagônicos ao ex-presidente, observou-se um fato curioso.

Quando Mauro Cid afirmou que não seria possível ligar os fatos pretéritos aos acontecimentos de 8 de janeiro, os comentaristas apressaram-se a dizer que ele não poderia fazer tal afirmação, pois a linha do tempo construída pelo procurador-geral indicava que tudo estava perfeitamente interligado.

Já nos momentos em que Cid sugeriu, mesmo sem provas, a possibilidade de  haver conexão entre Bolsonaro e a tentativa de golpe, sua palavra foi celebrada como indiscutível; afinal, tratava-se de alguém próximo ao núcleo de poder. O apoio a suas declarações variava conforme o trecho da delação que estava em discussão.

Os advogados convidados para entrevistas foram, em todos os casos, pressionados com trechos do relatório do procurador, sendo que, quase sempre, as perguntas vinham precedidas de referências ao currículo do acusador, conferindo maior credibilidade a suas alegações.

As defesas de Bolsonaro e de Braga Netto, indignadas com o teor das acusações, mas sem perder o equilíbrio, contestaram ponto a ponto. Em um dos episódios mais emblemáticos, um jornalista afirmou a José Luís Oliveira Lima, advogado de Braga Netto, que o ex-ministro teria ligado para o pai de Mauro Cid para saber o teor da delação. A resposta veio de imediato:

— Essa afirmação sua não é verdadeira. E quem diz isso são os autos. É exatamente o contrário. Quem ligou foi o pai de Mauro Cid para o Braga Netto.

Esse é apenas um exemplo do que está por vir. A partir de agora, caberá à defesa refutar cada uma das acusações e, como dizem os especialistas, obrigar os acusadores a provarem o que alegam, pois o ônus da prova cabe ao acusador, não à defesa.

A primeira iniciativa do advogado de Bolsonaro, Paulo Cunha Bueno, foi negar as narrativas expostas no relatório:

— Bolsonaro jamais compactuou com qualquer movimento que visasse à desconstrução do Estado Democrático de Direito ou das instituições que o pavimentam.

Outro ponto levantado pelos defensores de Bolsonaro foi o número excessivo de suposições no relatório. Segundo eles, termos como “possível”, “teria”, “hipotética” e outros semelhantes aparecem 207 vezes. Essa falta de certeza fragiliza a narrativa e demonstra que as acusações não se assentam em provas sólidas.

Como as acusações do relatório de 272 páginas serão divulgadas à exaustão, esse tipo de contraponto, ainda que não esteja apoiado em provas materiais, é fundamental para moldar o imaginário popular sobre o processo. Afinal, julgamentos dessa magnitude frequentemente ultrapassam as fronteiras jurídicas e ganham contornos políticos.

Se essa defesa política não for suficiente para garantir a absolvição jurídica de Bolsonaro, poderá, ao menos, fortalecê-lo como um líder injustiçado. E essa imagem, na pior das hipóteses, influenciará a candidatura de quem ele apoiar nas próximas eleições.

Hoje, já despontam dois nomes com potencial para vencer Lula: Tarcísio Gomes de Freitas, governador de São Paulo, e Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama. São apenas conjecturas, pois o caminho é longo e os imprevistos sempre acontecem. O fato é que esse tema seguirá no centro dos noticiários por muito tempo. E será interessante acompanhar os desdobramentos desse embate. Siga pelo Instagram: @polito

 

Fonte: Jovem Pan News

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