O duelo entre Real Madrid x Atlético de Madrid desta terça-feira foi mais um duelo tático interessante entre Carlo Ancelotti e Diego Simeone. Foi sobre como aplicar de forma mais eficiente o jogo funcional na interpretação dos espaços no campo.
A primeira fase de construção se mostrou decisiva para a criação de chances de gol desde o primeiro ataque. Vamos começar com a estrutura apresentada por Ancelotti, que voltou a escalar Fede Valverde na lateral direita e, muitas das vezes, apresentou sua equipe com um duplo-pivô.
No início, a estrutura parecia apresentar uma saída 3+1, com Tchouameni entre os zagueiros (Asencio e Rüdiger) e Camavinga mais na frente. O mais comum durante o jogo, entretanto, foi Fede Valverde se juntar aos dois zagueiros e Tchouameni atuar adiantado com Camavinga. A escolha sobre uma saída 3+1 ou 3+2 dependia de onde Ancelotti queria criar superioridade numérica.
Antes até mesmo que essas dinâmicas ficassem claras, Fede Valverde, recuado para uma saída 3+2, aproveitou um dos raros momentos de descompactação da defesa colchonera. Diego Simeone defendeu em 4-4-2 com blocos médios. No lance do gol de Rodrygo, Galán saiu para dar combate próximo do atacante e nem Lenglet e tampouco Samuel Lino cobriram o espaço deixado. Na bola descoberta, sem ser pressionado, Valverde lançou Rodrygo, que avançou em velocidade, cortou os marcadores na área e fez um golaço de canhota.
Para tentar se recuperar, o Atleti manteve sua estrutura funcional sem muitas posições bem definidas. Assim como o rival, alternou entre uma saída 3+2 com Barrios e De Paul na frente dos zagueiros e Llorente e uma 3+1. Quando não achava espaço para avançar pelo meio, De Paul abria pela direita e o Atleti tentava avançar de forma vertical pelas laterais, com menos homens no corredor central. Meio como a Atalanta, de Gasperini, faz para abrir os rivais, só não tão despovoado no meio, já que sempre ou Lino ou Griezmann se juntava a Barrios no meio.
Griezmann, mais uma vez, apareceu em todos os lados do campo. Sempre onde o Atlético buscava criar superioridade numérica, Griezmann aparecia para criar linhas de passe. Quando o atacante recuava, Lino permanecia na frente com Julián e Giuliano Simeone, às vezes em uma linha de quatro com Galán apoiando na esquerda. Quando não era Griezmann que recuava, Lino voltava para receber a bola mais atrás. Sem posições fixas, não se esqueça.
A construção do jogo das duas equipes era feita de forma diferente. O Atlético buscava, a todo momento, criar superioridade numérica para avançar no corredor central. O Real tentava, já quando a bola estava com um dos três homens de saída (geralmente Valverde), uma saída mais rápida pelos flancos. Por isso, o uruguaio foi o “melhor amigo” de Rodrygo no jogo, se formos ver as redes sociais da partida (interação de passe entre os jogadores).
A maior prova da ausência de posições fixas no Atleti foi o gol de empate. Samuel Lino saiu da ponta esquerda e foi para a ponta direita. Ao lado dele, colado na linha de fundo, estava Antoine Griezmann. Naquele corredor lateral estavam ainda De Paul, mas recuado um pouco, Giménez, com Barrios para receber a bola, e Giuliano Simeone já próximo à área, como mostra a imagem abaixo.
Logo em seguida, o Atleti fez o balanço ofensivo para o outro lado, circulando a bola com agilidade até chegar a Galán. Na sequência, Julián abriu na canhota para receber de Galán, cortar para o meio e fazer outro belo gol.
O jogo pareceu seguir mais favorável para a proposta de jogo de El Cholo na segunda parte, até o Real fazer das suas no Bernabéu: sair das cordas com um ataque fatal, com o brilho individual de Brahim Díaz, que foi um dos destaques do jogo.
Simeone demorou a recolocar sua equipe no jogo depois do gol sofrido. Ancelotti, com Modric e uma estrutura defensiva compacta em 4-4-2, segurou a bola e passou o tempo. Na reta final do encontro, o Atlético atacou em 4-3-1-2, com Julián atrás de Sorloth e Correa e Marcos Llorente já atuando no meio com Le Normand e Gallagher. A entrada de Sorloth trouxe uma figura diferente para a partida: um homem de mais referência na área. Mas a fisicalidade de Rüdiger conseguiu anular o norueguês, e o jogo terminou 2 a 1.
Daqui a uma semana, no Metropolitano, a expectativa por outro duelo tático dos mais interessantes.
Fonte: Ogol
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