Quarta-feira, Março 12, 2025
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A dança tática de Anfield e a masterpiece de Luis Enrique

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O PSG poderia ter caído para o Liverpool. Foi por pouco. E ainda assim não deixaria de ser uma das equipes mais interessantes da temporada da Europa. Luis Enrique, sem Mbappé, conseguiu fazer tudo o que sempre quis em Paris, e montou um time que, embora tivesse sofrido um pouco para assimilar as ideias, hoje interpreta o plano de jogo do treinador de forma magistral. 

A equipe parisiense chegou a ter ameaçada uma vaga no mata-mata da Liga dos Campeões, e teve de passar pelos playoffs para chegar nas oitavas. “Fracasso” já aparecia como palavra que definiria o destino da temporada, só que as coisas começaram a caminhar de uma maneira diferente. 

Mobilidade é a palavra para esse PSG. A leitura dos espaços no campo e a interpretação imediata de onde se posicionar é fundamental para o funcionamento do esquema. Talvez por isso seja um pouco mais difícil de assimilar por parte dos atletas: os movimentos que parecem descoordenados, que flertam com a anarquia, não são, pelo contrário. 

Vamos pegar Dembélé: ponta a carreira inteira, ambidestro, virou o falso 9 perfeito para Luis Enrique. O mapa de calor de Dembélé nas partidas é sempre o mais “confuso”. O atacante vai desde opção para concluir as jogadas na frente a um criador de linhas de passe na primeira fase de construção. 

Vamos começar pelo mecanismo de saída de bola, e usar como exemplo o duelo desta terça com o Liverpool (embora o padrão fosse partilhado em outras partidas): a saída 3+1 foi a mais usada em Anfield. O Liverpool pressionava com linhas altas, formando um 4-2-4 na fase defensiva. Para tentar sair disso, a equipe de Luis Enrique mostrou dinamismo, embora tivesse sofrido com a pressão em boa parte do duelo. 

O meia na frente dos zagueiros, na primeira parte, foi geralmente João Neves. Marquinhos e Pacho tinham a companhia geralmente de Hakimi. Nuno Mendes aparecia em uma linha mais na frente com Fabian Ruíz e Vitinha. Kvara e Barcola nas pontas, Dembélé na frente. 

As variações começavam de acordo com a pressão vermelha. Quando Mendes ficava com os zagueiros na saída, Dembélé recuava para criar linha de passes no meio, pela esquerda com Kvara ainda aberto. Quando os Reds sufocavam por dentro, Vitinha (ou Fabian Ruiz) se juntavam a Neves em uma saída 3+2. A ideia é sempre criar superioridade numérica e “triângulos” no campo, com linhas de passe bem definidas. 

Aí que está a grande necessidade de compreensão tática perfeita dos jogadores: é na interpretação dos espaços no campo que o jogo avança. É na leitura de Vitinha sobre quando recuar para se juntar a Neves ou quando avançar. De Dembélé sobre quando se tornar um meia, um atacante, ou inverter com Barcola. É no dinamismo de Mendes para, em um momento, fazer a saída de bola, mas quando surgir a chance atacar a profundidade no fundo.

Os jogadores são intérpretes de espaço, tão somente. A tomada de decisão é em milésimos de segundos. Um movimento errado pode acabar com a temporada. Ou um certo pode levar o time mais adiante. Detalhes definem um jogo e rotulam vitoriosos e fracassados no futebol (infelizmente). 

Voltando à Anfield, até o meio-campo, o Liverpool foi firme na marcação. O problema foi quando acontecia uma quebra de linhas, e (principalmente) van Dijk e Konaté não subiam a pressão em cima de Dembélé. Havia tempo para receber, girar, e trabalhar a jogada em uma velocidade difícil de acompanhar. Kvara, Barcola e depois Doué são jogadores de velocidade e, principalmente, que mudam a direção do lance com uma facilidade fora de série. 

No jogo de Paris, no qual os Reds flertaram com uma derrota dura (Alisson foi herói), o PSG teve mais facilidade em criar no último terço avançando em um 3-2-5. Slot conseguiu afastar um pouco o sufoco no segundo tempo quando recuou Díaz e formou um 5-3-2 na transição defensiva. Dessa vez, a saída foi cortar o mal para a raíz com uma pressão eficiente na frente e segurar os laterais. Você ouviu falar de Alexander-Arnold e Robertson no ataque? Depois ainda entrou Quansah…

Em Anfield, quem brilhou foi Donnarumma, e Alisson também, em alguns momentos (decisivos, sempre). Na fase defensiva os parisienses adotaram em alguns momentos o 3-2-2-3, o WM, ou um 4-2-4 que espelhava o rival e sufocava a saída de bola com Vitinha subindo junto com os atacantes. A pressão alta significou menos influência no jogo para Alexander Arnold e, consequentemente, um Salah menos presente. 

Poderia avançar qualquer um dos lados. O trabalho de Slot é invejável, ainda mais se tratando de uma primeira temporada em um novo clube. A temporada de Salah, até aqui, foi de melhor do mundo. Mas o futebol, dessa vez, deu a chance de vermos o trabalho de Luis Enrique dar mais um passo. O técnico espanhol está em busca de sua masterpiece. Talvez nunca esteve tão perto… 

Fonte: Ogol

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