Através de recomeços, casal apostou na fabricação de pastéis para garantir o sustento diário
Pelas ruas, o Dourados News conheceu uma história marcada pelas mudanças que a vida impõe ao longo do tempo. Com apenas 32 anos, Marlon Bruno da Silva e sua esposa, Sandra Potes da Silva, de 42, têm uma jornada repleta de desafios, dores e muitas batalhas, mas também de esperança, resiliência e fé.
Hoje, eles comercializam pastéis caseiros pelo município, mas a estrada até aqui foi longa e tortuosa. Casados há 15 anos, Marlon e Sandra se conheceram em Mundo Novo, Mato Grosso do Sul, cidade natal de ambos. O jovem Marlon tinha o sonho de ingressar no Exército, mas ao conhecer Sandra, decidiu seguir um caminho diferente.
Casaram-se em 2012, enfrentando desconfiança e julgamentos por conta da diferença de idade. Mas o amor e a fé que encontraram na igreja os mantiveram firmes. Em busca de melhores condições de vida, mudaram-se para Dourados há quatro anos.
Mas a esperança de uma nova vida logo foi ofuscada por dificuldades financeiras.
“A gente tomou um golpe na construção civil, eu era consultor, e de repente, do nada, a gente começou a desistir”, diz Marlon emocionado relembrando a perda do antigo carro, casa e até mesmo a paz no casamento por causa das contas que se acumulavam.
O casal já havia trabalhado com a venda de pastéis em Mundo Novo e Guaíra (PR), mas sentiam receio de seguir nesse caminho aqui na cidade.
Foi quando o aluguel atrasou e o despejo chegou, fazendo o casal ter que recomeçar mais uma vez.
“Tem tanto pastel na cidade, quem vai querer comprar o nosso?”, pensavam. “Aí eu falei para o Marlon, vamos tentar de novo nossos pastéis?”, disse Sandra lembrando as palavras de incentivo de seus pastores.
Com apenas R$ 200 no bolso, compraram ingredientes e fizeram as primeiras bandejas. A igreja foi essencial na divulgação, e aos poucos, os pedidos aumentaram.
Em meio às dificuldades para alugar uma nova casa em Dourados, surgiu a oportunidade de comprar um terreno.
Com jornadas de trabalho das 7h às 23h, eles conseguiram juntar dinheiro para construir. Os amigos da igreja se mobilizaram e com essa ajuda puderam erguer a casa rapidamente em 40 dias, local onde hoje, são feitos os pasteis caseiros. “Foi difícil, mas Deus nos honrou”, diz Sandra.
As entregas eram feitas com uma pequena caixa de isopor. “Em um dia de chuva, a caixa caiu no meio da rua, e a entrega atrasou”, lembra Marlon. No entanto, durante um culto na igreja, receberam uma doação de uma bolsa térmica, o que facilitou muito o trabalho e garantiu que as entregas fossem feitas com mais segurança.
Uma cliente ao ouvir a história do casal e ao conhecer os pasteis, decidiu doar uma a bicicleta do filho para eles trabalharem. Até hoje, essa é a bicicleta é usada para as entregas. Por mês são vendidas em média 400 bandejas, cada uma com 12 pastéis, por R$ 27.
O casal tem uma rede de apoio com mais de 30 pessoas entre amigos, família e membros da igreja, que ajudam comprando, divulgando e vendendo os pastéis, além da clientela do dia-a-dia.
“Enfrentamos preconceito, muitas vezes as pessoas não acreditam que o nosso trabalho tem valor, mas estamos aqui para mostrar que, por trás de cada pastel, existe um sonho e muito esforço. Queremos construir um pequeno salão de vendas em frente à casa até o fim do ano, para ter um ponto fixo”, finaliza Marlon com brilhos nos olhos contanto seus sonhos.
Fonte: Dourados News
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