Aos 31 anos, William Batista é um nome que começa a despontar no cenário de treinadores do Brasil por rapidamente assumir um time de expressão nacional. O comandante do América Mineiro é de longe o treinador mais jovens entre todos os clubes das Séries A e B, e tem pela frente o maior desafio da sua curta carreira.
Neste sábado, o América Mineiro de William Batista disputa o segundo jogo da final do Campeonato Mineiro. Um título parece extremamente improvável após a goleada de 4 a 0 sofrida na ida contra o Atlético Mineiro, mas o saldo é positivo após eliminar na semifinal o caro time do Cruzeiro.
Mas para além do surgimento meteórico no futebol brasileiro, William Batista passou por desafios e chorou em entrevista após a classificação contra o Cruzeiro ao relembrar esses momentos.
A questão é que o grande sonho de William Batista era ser jogador de futebol. Sem sucesso, ele rapidamente mudou de foco e lutou para virar treinador. Também sem muito sucesso, encarou outras profissões fora do esporte, mas sem nunca abandonar o sonho.
William Batista foi auxiliar técnico das divisões de base do Sumaré em 2013, e passou por Guarani e Lemense (também na base) até encontrar uma pedra no seu caminho: o desempego. Foi nesse momento que o hoje técnico do América precisou a recorrer a um meio conhecido por milhões de brasileiros: virar motorista de aplicativo.
“Eu fiquei um ano desempregado. E eu me lembro que eu fui fazer Uber. E eu fiz 6, 7 meses de Uber em 2017, e um dia à noite, saindo, 3 da manhã, eu pego alguns jovens numa balada em Campinas e eu tinha o uno da minha mãe. Eles derrubam um monte de bebida alcoólica ali no carro e ficou aquele cheiro forte. Eu vou embora pra casa, acordo meus pais, e começo a chorar e falo: ‘Isso aqui não é a minha vida'”, disse em coletiva.
Meses depois, William Batista foi indicado para a Chapecoense e foi auxiliar do sub-20. Depois de um ano, nova demissão. O caminho foi buscar novos empregos e processos seletivos. Após duas recusas, o América Mineiro abriu as portas ao jovem.
“Falei que ia dizer tudo o que eu sentia. Disse que iria desfrutar do América e faria o máximo para que acontecesse. E hoje estou aqui. O América me escolheu, e sou muito grato”, disse.
No América, William Batista foi auxiliar do sub-20, e em 2020, assumiu como treinador. Foram três anos na função, com 43 vitórias em 87 jogos e um título estadual da categoria.
O bom desempenho da equipe comandada por William Batista rendeu um convite ao Vasco, onde ele também foi campeão estadual sub-20. Em 2023, um novo desafio, quando, de maneira interina, estreou no comando de uma equipe principal e logo na Série A. A estreia foi com vitória por 1 a 0 contra o Cuiabá, mas em seguida vieram derrotas para Botafogo e Cruzeiro. Em 2024, ainda dirigiu a equipe mais duas vezes, com uma vitória.
Antes de retornar ao América, agora na condição de aposta no time principal, William Batista dirigiu o sub-20 do Red Bull Bragantino, com 39 jogos, 17 vitórias, 11 empates e 11 derrotas.
Na sua primeira experiência concreta como treinador, William Batista enfrente alguns percalços no caminho. O Coelho foi eliminado na primeira fase da Copa do Brasil ao ser derrotado fora de casa para o Cascavel. No Campeonato Estadual fez um campanha equilibrada e eliminou o Cruzeiro, mas foi goleado no primeiro jogo da final.
O treinador ainda precisa adequar alguns erros para comandar um clube que tem como foco retornar à primeira divisão. A estreia na Série B acontece no dia 4 de abril, contra o Botafogo de Ribeirão Preto, em casa.
Treinadores mais jovens da Série A:
Filipe Luís – (Flamengo) – 39 anos
Thiago Carpini – (Vitória) – 40 anos
Rafael Guanaes – (Mirassol) – 43 anos
Luís Zubeldia (São Paulo) – 44 anos
Pepa (Sport) – 44 anos
Treinadores mais jovens da Série B:
William Batista (América Mineiro) – 31 anos
Eduardo Barros (Amazonas) – 40 anos
Roger Silva (Athletic) – 40 anos
Rafael Lacerda (Vila Nova) – 40 anos
Bruno Pivetti (Operário) – 41 anos
Fonte: Ogol
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