Quarta-feira, Março 19, 2025
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A piscicultura em Dourados 

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A piscicultura em Dourados 

Instigado por algumas pessoas, fui novamente introduzido ao problema da piscicultura douradense, tema que já havia trabalhado há mais de dez anos, em vão.

Estou fora de Dourados há mais de um ano, depois de perceber  o estado terminal da atividade, na agricultura familiar, fui prospectar em São Paulo a quantas andam as coisas por lá. Fechei o pesqueiro e fui. Um ano sabático, como dizem por aí. Foi relativamente tranquilo, já que disponho de reputação, e fui bem recebido, por lá. Peixes e camarão são minha área hoje.

Meu amigo zootecnista Fábio Santamaria sempre me chama de dinossauro da piscicultura. Ainda não tive oportunidade de acareá-lo, o que isso quer dizer exatamente. Será que sou tão antigo que estou em processo de extinção? É possível, já que atuo nesta área há mais de 40 anos, só em MS há 37 anos.

Tenho analisado o assunto há 6 meses, instigado pela bióloga Vera Borelli, que acredita ser possível retomar a velha glória da piscicultura.

Vera não é uma piscicultora qualquer, ela é uma sobrevivente. Ela é a única produtora de alevinos do município, ainda em atividade, onde já tivemos mais de 12 deles. Mostra o quanto retroagimos.

De fato, estimamos que já houve 150 piscicultores no município, hoje  90% deles ou pararam ou estão em passo de tartaruga. Como os tanques estão construídos, apresentam, no entanto, potencial para retornar.

Outro dado é que todo o investimento em tanques, somados, beiram 30 milhões de reais, em sua grande maioria, na Agricultura Familiar Tradicional. Estão lá, em estado latente.

É certo que a empresa Bello, adquirindo a Mar e Terra, salvou as grandes pisciculturas do município. Mais ainda, tecnificou-as, de forma que nunca produzimos tanto peixe como agora. Salvou-nos, da má reputação de termos matado a piscicultura, enquanto, há 20 anos, a atividade cresce quase 10% ao ano, no país. A vinda da Bello para o setor, na região, foi um belo golpe de sorte, se me permitirem um trocadilho.

Na minha prospecção sobre o tema, conversando com muitos atores, encontrei alguns nichos que se utilizam do sucesso da Bello, como argumento para salvar a própria reputação de não terem tido ações efetivas suficientes para corrigir a situação. Como eu disse, foi um golpe de sorte, não fruto de uma política pública.

Mas então, o que deveria ter sido feito e não foi, se o fizermos agora, adianta, há algo a ser feito ainda, ou deixamos como está?

Há uma questão povoando a mente há muitos anos, que revelo agora. Como é possível a antiga Mar/Terra anunciar, em seu site, durante décadas, ser uma empresa sustentável, enquanto a Piscicultura Familiar Tradicional de Dourados, sucumbia? Ora, se sustentabilidade exige a inclusão das camadas sociais diversas, e não apenas meio ambiente, então esta empresa praticou um marketing fraudulento.

Portanto, face a esta disruptura com a realidade, a fim de pleitearmos o status de sustentável, necessitamos procurar corrigir esta imperfeição. 

Há muitos anos, tiros têm sido dados para todos os lados, demonstrando falta de efetividade de uso de recursos públicos.

Assim passo a oferecer um diagnóstico independente, como pré requisito obrigatório para a elaboração de um novo plano de atuação, também independente.

*Piscicultor 
 

Fonte: Dourados News

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