Quarta-feira, Março 19, 2025
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O sonho dos irmãos de Ariquemes vira meta de uma nação: Luan quer Copa com Emirados

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As histórias escritas com a bola no pé fogem a lógica na mesma medida que um jogo de futebol é imprevisível. Se fosse um livro, a história de um menino de Ariquemes, Rondônia, que hoje estreia na seleção dos Emirados Árabes, certamente mereceria a “caneta” de um escritor best seller. São tantas curvas, que você pode achar que o personagem principal vai acabar fora da pista. No fim, porém, ele ganha a corrida. Ou, pelo menos, é pole position. Luan Pereira vive um sonho que não é só dele. 

Ariquemes está há quase 200km da capital Porto Velho. Quando Luan começou a dar os primeiros chutes, o Real Ariquemes começava a dar os primeiros sinais de que poderia representar a cidade nacionalmente neste século. Mas foi ainda antes de o clube disputar pela primeira vez a Série D, e antes mesmo do título estadual do Real Ariquemes que Luan deixou a cidade com um sonho na mala. Sonho que compartilhava com o irmão Renanzinho

O primeiro destino foi o Paraná, e Luan brinca que era “a bagagem” do irmão. “Ele ia para um clube, eu ia de bagagem (risos)”, brincou, em conversa com oGol. E do Paraná ambos foram aprovados em um clube parceiro do Avaí, destino que acolheu os irmãos de Ariquemes por muitos anos. 

A parceria com Renan foi fundamental na adaptação do tímido Luan às novas realidades. “Ele me ajudou em tudo, era mais velho, já tinha passado mais coisa que eu”. Em 2015, porém, Renan, que já estava no profissional do Avaí descobriu um tumor no cérebro e acabou afastado do futebol. Dois anos depois, quando Luan havia subido para a equipe principal, Renan acabou falecendo. 

“É difícil, a gente era muito chegado. O futebol, quando a gente está em campo, parece que a gente esquece de tudo, o futebol cura tudo. Nas datas comemorativas, a gente fica mais cabisbaixo, mas faz parte. Tento mais lembrar dos momentos bons com ele. E nas minhas conquistas, no ápice da minha felicidade, ele está sempre na minha lembrança”, garantiu. 

Hoje, Luan segue o legado de Renan e vive pelo irmão o sonho compartilhado por ambos. Foram 96 jogos e sete gols como profissional do Avaí, incluindo a disputa do Brasileirão da Série A. Luan não esquece dos conselhos de Marquinhos, ídolo do Leão, e das oportunidades que recebeu do técnico Claudinei Oliveira

“Era Série A, às vezes o treinador fica com pé atrás de colocar menino novo, mas ele me colocou. Foi muito bom para mim, para criar casca. Série A é muito difícil. Muitos jogadores me ajudavam, como o Marquinhos, que foi um dos que mais me ajudou (…). A mesma coisa que ele fez com meu irmão, ele fez comigo, tenta sempre deixar a ‘rapazeada’ o mais confortável possível”, lembrou. 

Em 2020, porém, Luan recebeu o convite para jogar nos Emirados Árabes. Não foi a primeira vez, mas agora com menos sequência na equipe da Ressacada, aceitou o desafio no Al Sharjah com um projeto a longo prazo de defender a seleção do país. 

“Eles já falavam desse intuito de jogadores jovens vir para acontecer o que aconteceu hoje, depois de cinco anos, trabalhando bem e com resultados, ser convocado para a seleção. Quando chegou essa proposta eu já sabia que eles queriam fazer isso (projeto de seleção)”, revelou. 

Luan não era o único brasileiro a fazer parte desse projeto, o que o deu certa confiança. “Por ter muito brasileiro, a gente acaba ficando mais à vontade”. Na temporada de estreia de Luan, 46 brasileiros entraram em campo na liga dos Emirados Árabes. 

Com a ajuda dos brasileiros, seja em campo, jogando contra ou a favor, ou nas comissões técnicas, Luan logo se adaptou ao Al Sharjah. Se destacou inicialmente como garçom, mas a partir de 2022 conseguiu alcançar os dígitos duplos de gols nas temporadas. O ápice veio justamente no momento em que o brasileiro completou cinco anos no país e concluiu o processo de naturalização. O resultado foi a convocação através do técnicoPaulo Bento ex-Cruzeiro. 

“É um projeto de longo prazo, a gente tem que estar ali cinco anos jogando bem. Se chegar cinco anos, você tem a naturalização, mas se não está bem, você não é convocado. Importante é estar sempre jogando bem. É o que a gente fala, chegar é fácil, difícil é se manter na seleção. Chegou a oportunidade, quero trabalhar mais ainda para estar sempre voltando”, comentou. 

Na convocação do técnico português, além de Luan, foram lembrados os compatriotas Lucas Pimenta, Marcus MeloniFábio Lima, Jonatas Santos, Bruno, Caio Lucas e Caio Canedo. Mais uma vez, a presença de atletas brasileiros, com uma comissão técnica portuguesa, facilitou a integração de Luan. 

“Ainda não teve trote, a gente espera que não tenha, a gente chega envergonhado… Mas a gente brinca até, aqui virou uma segunda seleção brasileira, acho que tem oito convocados, o pessoal da físio, tudo brasileiro, o staff do Paulo, todos portugueses. A gente se entende muito bem. Isso facilitou muito para a gente, a gente chega um pouco acanhado, pisando em ovos, não sabendo onde ficar… Mas eles nos deixam muito à vontade, o Paulo é um grande treinador, deixa as coisas muito claras para a gente”, explicou. 

Luan brinca que, por ainda não saber o hino, vai ficar “quietinho” observando para aprender, mas garante já estar integrado inclusive com os jogadores locais. 

“A gente sabe algumas palavras em árabe, as palavras ‘ruins’ a gente sabe em árabe também (risos). Mas a gente se comunica mais em inglês com eles, eles são bem tranquilos também, sabem que a gente está aqui para ajudar, não quer roubar lugar de ninguém”, contextualizou. 

No momento da entrevista, Luan estava concentrado ainda nos Emirados Árabes. A delegação viajou na terça-feira para Teerã, onde enfrenta o Irã. A Coreia do Norte vai ser o segundo adversário desta Data Fifa, em jogo a ser disputado na Arábia Saudita. Adversários, para Luan, “difíceis”. O meia, que compartilhou durante muito tempo o sonho de jogar futebol com o irmão, agora carrega para o campo o sonho de uma nação: chegar em uma Copa do Mundo. 

“Estou com uma oportunidade muito boa com a seleção, então meu objetivo maior é chegar a uma Copa do Mundo e ir bem. A Copa é o ápice, algo importante para sua carreira, o mundo todo para para ver. É um sonho classificar o país e jogar uma Copa do Mundo”, finalizou. 

Fonte: Ogol

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