Seminário aberto no HU-UFGD vai abordar a saúde indígena
om o objetivo de qualificar o atendimento à população indígena e fortalecer o diálogo intercultural, o Comitê de Saúde Indígena (CSIN) do Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD), coordenado pela enfermeira Luciana Comunian, realizou uma reunião extraordinária na Aldeia Bororó, em Dourados. O encontro ocorreu na Oga Mitã’i Potyrory – Casa de Reza Ñandesy Tereza, no dia 19 de março, reunindo profissionais de saúde, representantes da comunidade indígena e gestores do hospital integrante da Rede Ebserh.
A reunião teve como principal finalidade a construção coletiva do Seminário de Saúde Indígena, que será realizado no dia 8 de abril de 2025, no auditório do HU-UFGD/Ebserh. “Este seminário será um espaço formativo aberto à comunidade interna e externa, no qual o cuidado intercultural será abordado a partir da perspectiva e vivência das pessoas indígenas, protagonistas nesse processo de cuidado”, explicou Jacqueline Cristina Dos Santos Fioramonte, enfermeira e coordenadora do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde com ênfase em Atenção em Saúde Indígena do HU-UFGD/Ebserh.
A escolha do território indígena para a realização da reunião foi estratégica. “A cada dia se torna mais evidente a necessidade de aproximação do cuidado terciário com o território, pois é no território que as pessoas vivem, constroem sua saúde e compartilham o cuidado no cotidiano, dentro das casas e com suas famílias. Reconhecer esse contexto torna-se fundamental para qualificar as ações de saúde”, destacou Jacqueline.
Participaram do encontro o superintendente, Hermeto Paschoalick, o gerente de Atenção à Saúde, Tiago Amador Correia, a gerente administrativa, Danielly Vieira Capoano, membros do Comitê de Saúde Indígena, coordenação e tutora da Residência em Saúde Indígena, coordenação da residência em Saúde Mental e Atenção psicossocial, residentes psicólogos, nutricionistas e enfermeiros de Saúde Indígena do HU-UFGD/Ebserh, além de preceptores e residentes psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros em Saúde Mental e Atenção Psicossocial do município. Representantes da comunidade indígena, incluindo lideranças religiosas, também estiveram presentes.
Para muitos participantes, como a assistente social da Unidade Multiprofissional do hospital, Wana Cristina Lopes e Silva, que trocou o Pernambuco pelo Mato Grosso do Sul há cinco meses, a experiência foi um momento de aprendizado e troca de saberes. “Embora eu seja assistente social desde 2013 e tenha experiência na saúde há mais de dez anos, antes de ser empregada da Ebserh no HU-UFGD, não havia tido contato com o território indígena. O serviço social é uma profissão que requer a análise das condições de vida dos sujeitos para que se possa intervir. Essa aproximação é fundamental para compreender o modo de vida e pensar formas de intervenção que respeitem a cultura e garantam o acesso a direitos”, relatou a colaboradora.
Ela enfatizou ainda a importância de compreender a saúde de forma ampla. “A experiência na Casa de Reza foi muito rica por ajudar a compreender que a saúde vai além do biomédico, envolve o pertencimento com o território, o cuidado espiritual e familiar, e como essas práticas também são promotoras de saúde. Outro aspecto interessante é que, através dessa aproximação, é possível desmistificar preconceitos em torno da cultura indígena, fundamentados no racismo”, pontuou.
Ao final do encontro, os participantes receberam a benção da Ñandesy Tereza, uma das lideranças espirituais da comunidade, marcando simbolicamente a intenção de fortalecer o respeito e a integração entre os saberes tradicionais e os serviços de saúde ofertados pelo HU-UFGD/Ebserh.
Fonte: Dourados News
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