O jantar da vergonha… Acorda, Brasil !
AMIGOS DO REI? Um jantar obsceno aconteceu em Brasília (para variar). Na casa do ministro Alexandre de Moraes, do STF, o ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, foi homenageado – pelo quê? Ah, talvez pela sua omissão em pautar o impeachment de ministros do Supremo. Compareceram ao jantar, ainda, o vice-presidente Geraldo Alckmin, o Procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet, o chefe da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, e quase metade dos ministros do Superior Tribunal de Justiça. Também Hugo Motta e Davi Alcolumbre, presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente. É a festa da democracia? Sim, uma farra. Sabe quem mais estava lá?
Oito dos onze ministros do STF estiveram no jantar: além do próprio Moraes, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Luiz Fux, Edson Fachin, Flávio Dino, Nunes Marques e Barroso. O acontecimento foi descrito pela imprensa nacional como uma demonstração de força, poder e prestígio de Moraes (praticamente um “imperador”?), evidenciando a amplitude dos “laços” do ministro nos Três Poderes. Dos oito ministros do STF presentes, três votarão, na próxima semana, o recebimento da denúncia da PGR contra Jair Bolsonaro e outros réus pela suposta tentativa de golpe de Estado — número que pode ser ampliado para os oito presentes caso a ação penal seja julgada no plenário.
CARAS DE PAU? Estavam lá, reunidos em clima de amizade e intimidade com as partes do processo, mais da metade do STF, ou, em outras palavras, a maioria necessária para se ganhar qualquer caso no tribunal. Ou seja, os ministros jantaram com membros do governo Lula, o principal opositor de Bolsonaro. De certa forma, portanto, os julgadores do suposto golpista estavam jantando com a vítima do golpe dias antes do início do julgamento. Estavam presentes também o chefe da PF, que conduziu as investigações, e o chefe do Ministério Público, que, além de oferecer a acusação, é parte no processo. Diante de mais essa, o que esperar do Estado democrático de DIREITO?
Os ministros perderam totalmente o pudor de serem vistos como políticos e parciais, a ponto de oferecerem jantares para metade da República, sem qualquer preocupação com críticas sobre sua imparcialidade no julgamento de Bolsonaro na próxima semana? Se ainda restava alguma dúvida, o STF tratou de enterrá-la com mais essa demonstração de que é um tribunal político, e não jurídico. Parece até deboche. Além de julgarem de forma inadequada, eles não têm a menor preocupação de passar uma imagem adequada. E são os mesmos que, na Lava Jato, acusaram o então Juiz Sergio Moro de ser parcial, por que teria trocado mensagens com o Procurador do caso…
LEMBRA DISSO? “Para ministros do STF, conversas entre Moro e Dallagnol tornam o ex-juiz suspeito”, dizia a manchete em 2019. A acusação era de que juiz e procurador trocavam mensagens via aplicativo, mesmo que as supostas conversas não tenham sido confirmadas e obtidas criminosamente por meio de hackeamento. Mesmo assim, os ministros concluíram que juiz e procurador trocarem mensagens era sinal de parcialidade — e, portanto, toda a Lava Jato deveria ser anulada. E quando o juiz convida o procurador e o delegado para um jantar em sua casa? O que os ministros do STF de 2019 diriam dos ministros do STF de 2025? (Deltan Dallagnol)
Eles já não garantem nem mesmo a estabilidade da própria jurisprudência, não respeitam leis, não respeitam os mínimos direitos e garantias previstas na Constituição. Dizem uma coisa em um momento, depois dizem outra, conforme o alvo e os interesses políticos envolvidos. Tudo ficou evidente com a chamada VAZA TOGA e agora com esse jantar. É só pensarmos: se houvesse um jantar desses do então juiz Moro na “República de Curitiba”, com a presença do Ministério Público, advogados e políticos interessados na prisão de Lula, a Lava Jato não teria sido mais acusada do que já foi? Mas não estariam apenas seguindo o “bom exemplo” Supremo? Ah, outro detalhe…
MANIPULAÇÃO? Um dia depois do jantar, o presidente da Câmara, Hugo Motta, ao lado do presidente do STF, ministro Barroso, e do ex-presidente José Sarney, durante cerimônia, declarou: “Nos últimos 40 anos, não vivemos mais as mazelas do período em que o Brasil não era democrático: não tivemos jornais censurados, nem vozes caladas, não houve perseguições políticas, presos ou exilados. Não tivemos crimes de opinião ou usurpação de garantias constitucionais. Nunca mais”. Como assim? Este é o mesmo Hugo Motta que criticou as penas de 17 anos de prisão para quem apenas passava pela Praça dos Três Poderes no momento dos eventos?
“Há um certo desequilíbrio nisso”, disse Motta, em relação às absurdas condenações dos manifestantes dos atos de 8 de janeiro, renovando as esperanças na aprovação do projeto de anistia. De lá para cá, o que aconteceu para Hugo Motta mudar tão radicalmente de discurso? O que mudou? Ah, o jantar… com a presença de Hugo Motta e de outros figurões, e “coincidentemente” às vésperas do julgamento político de Bolsonaro. É a promiscuidade à luz do dia que tomou conta de nossa republiqueta das bananas. Ficamos sabendo da “carona” em jatinho da FAB sem o nome constar na lista oficial, o que virou marca registrada desses “guerreiros da democracia”…
FOI JANTADO? E ficamos sabendo do prato oferecido também… Hugo Motta não foi jantar com Alexandre; ele foi “jantado” por Alexandre, como resumiu o jurista André Marsiglia, em entrevista. E como disse o comentarista político Claudio Dantas, não era a voz de Hugo Motta repetindo mentiras oficiais sobre nossa “pujante” democracia, mas sim um boneco de ventríloquo mexendo a boca para reproduzir as palavras de José Sarney e do próprio Alexandre de Moraes. É a narrativa oficial, mesmo que totalmente desconectada da realidade. Pois afirmar que não há censura ou perseguidos políticos no Brasil de hoje é o ápice da cara de pau! (Rodrigo Constantino)
Flávio Dino, o comunista que até “ontem” era ministro de Lula e comparou Bolsonaro com o demônio. Cristiano Zanin, o advogado de Lula que já se considerou suspeito em outro caso envolvendo o ex-presidente. Luís Barroso, que “garante” a imparcialidade do julgamento, o mesmo que se vangloriou por ter “derrotado o bolsonarismo”… E grande parte da imprensa o que diz a respeito? Continuaremos fingindo ser possível um julgamento técnico neste caso? Até as pedras sabem que o julgamento é político desde o começo, tudo com a narrativa estapafúrdia do “golpe armado” sem armas. É escancarada a parcialidade STF, e quem silencia sobre isso está sendo cúmplice…
ESTAMOS AQUI! Quando todos os poderes estão mancomunados para abafar e negar a realidade, sem o menor constrangimento, e a chance de recurso à Justiça pátria já não existe, a busca por atenção internacional torna-se imprescindível. A decisão do deputado Eduardo Bolsonaro, por exemplo, não é apenas uma decisão pessoal, uma vez que abre mão do convívio com familiares e amigos no Brasil e de exercer seu mandato na Câmara dos Deputados. Sua resolução também serve para representar ainda melhor os anseios dos brasileiros que querem justiça, liberdade e democracia e torcem por ações internacionais que nos devolvam o que já tivemos.
O momento de farsa está cristalino, com os donos do poder se refestelando em verbas públicas e benesses estatais enquanto debocham das vítimas do autoritarismo e do arbítrio no Brasil. É triste e revoltante ver o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, corroborando com a narrativa dos abusadores. No entanto, sempre restarão bravos combatentes nas trincheiras do legislativo, do jornalismo e de tantos outros meios que resistirão ao arbítrio e recolocarão os pingos nos is. Até porque, parafraseando “a turma”: ainda estamos aqui. E continuaremos a defender as boas causas e os direitos humanos, da liberdade, da justiça e da democracia. (Marcel van Hattem)
Fonte: Dourados News
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