Programa Vigiar monitora efeitos das queimadas e poluentes, com estratégias integradas para proteger a população
No Mato Grosso do Sul, fatores como queimadas, incêndios florestais e o aumento da frota veicular têm agravado a poluição atmosférica, impactando diretamente a saúde da população e o meio ambiente. Esse cenário reflete no aumento da demanda por serviços do SUS (Sistema Único de Saúde), incluindo consultas médicas, internações hospitalares e o uso intensivo de medicamentos. Para enfrentar esses desafios, o Governo do Estado, por meio do programa Vigiar (Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Poluentes Atmosféricos), tem intensificado o monitoramento e implementado ações preventivas para proteger a saúde dos sul-mato-grossenses.
A exposição contínua a poluentes como fumaça de queimadas, gases industriais e poluição veicular pode desencadear doenças respiratórias, cardiovasculares e até problemas dermatológicos e de saúde mental. Entre os mais vulneráveis estão crianças, idosos e pessoas com comorbidades, como problemas pulmonares e cardíacos.
Monitoramento e respostas rápidas
De acordo com Karyston Adriel Machado da Costa, coordenador de Vigilância em Saúde Ambiental e Toxicológica, o programa Vigiar desempenha um papel essencial ao identificar padrões de exposição e correlacionar os poluentes com a crescente demanda por atendimento médico. A gerente do Vigiar, Lígia Lechner da Silva Domingos, destaca que a Estratégia Unidade Sentinela tem permitido o monitoramento detalhado de doenças respiratórias em áreas críticas, possibilitando respostas rápidas e assertivas.
Além disso, o programa Vigiar atua em integração com outras frentes, como a Vigidesastres, que monitora riscos de desastres ambientais, fortalecendo a capacidade de mitigação dos impactos causados pelas queimadas e outras fontes de poluição.
Cidades mais afetadas
Em 2024, municípios como Corumbá, Aquidauana, Porto Murtinho, Miranda e Naviraí, fortemente impactados pelos focos de calor, receberam atenção especial. Segundo dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), essas regiões registraram os maiores índices de queimadas, o que levou o Governo do Estado a intensificar o monitoramento e as ações de saúde para proteger as populações locais.
Aumento nos atendimentos e doenças respiratórias
Dados do Sistema de Informações Hospitalares do Ministério da Saúde, analisados pelo Vigiar, mostram que os casos de asma em Mato Grosso do Sul aumentaram 13% em 2024 em comparação com o ano anterior, enquanto os atendimentos por bronquite subiram 7%. Embora as internações hospitalares não tenham registrado alta expressiva, os serviços de atenção básica enfrentam uma crescente demanda devido ao agravamento de doenças respiratórias durante o período de queimadas.
Além das doenças respiratórias, a exposição prolongada à poluição atmosférica também contribui para o aumento de problemas cardiovasculares, oftalmológicos, dermatológicos e transtornos mentais, como ansiedade e depressão.
Unidades Sentinelas e ações integradas
A Estratégia Unidade Sentinela, uma inovação do Vigiar, permite monitorar os casos de doenças respiratórias em áreas prioritárias, como regiões industriais e locais impactados pelas queimadas. Essa estratégia melhora a coleta de dados e possibilita respostas rápidas para conter o agravamento dos problemas de saúde.
A integração entre o Vigiar e o Vigidesastres também tem sido crucial para coordenar ações durante o período crítico das queimadas. Em julho de 2024, técnicos do Vigiar e do Cievs (Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde) acompanharam de perto a situação em Corumbá, oferecendo suporte contínuo à população afetada.
Prevenção e futuro mais saudável
O secretário de Estado de Saúde, Maurício Simões Corrêa, reforça que o monitoramento constante e a rápida resposta são fundamentais para minimizar os danos à saúde pública causados pela poluição do ar. “O Vigiar tem se mostrado uma ferramenta essencial na luta contra os efeitos da poluição atmosférica. Com ações coordenadas e estratégias integradas, o programa oferece uma resposta eficiente para proteger as comunidades mais vulneráveis e garantir um futuro mais saudável para a população sul-mato-grossense”, finaliza.
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