Sábado, Março 29, 2025
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Peixes Nativos

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Peixes Nativos

Não há dúvidas, o douradense ama a piscicultura de paixão. Assim retorno ao tema publicamente.

A tilápia é o peixe que domina a piscicultura nacional, com mais de 70% da produção, quiçá 80%.

A bióloga Vera Borelli, no entanto, propõe a retomada da piscicultura municipal com espécies nativas. Pacus, pintados,  e seus híbridos, curimbas, piaus, etc. 

Temos um dilema, já que iríamos no contrafluxo do mercado. Lembremos que estamos falando da Piscicultura da Agricultura Familiar e similares.

De fato, concorrer com a tilápia é difícil. É um peixe maravilhoso, uma unanimidade, vende bem em todos os países, dos mais pobres, aos mais ricos. Espécie única no planeta. No Brasil o preço tem caído visivelmente, estando entre 7 e 8 reais pagos ao piscicultor, demonstrando forte competitividade. Finalmente, é o peixe que a Bello tem realizado parcerias com os produtores na região.

Temos, então, um desafio.

O que fazer? Vamos analizar:
1.    Estamos habituados com os peixes nativos. Nossos piscicultores apresentam até um certo preconceito contra a tilápia.
2.    Os tanques construídos são adequados às espécies nativas.
3.    A adesão dos piscicultores  à tilápia, exige um elevado investimento, pré-requisito necessário aos contratos com a Bello. 
4.    Outros Estados oferecem preços das nativas bem abaixo da expectativa de preços dos piscicultores locais.
5.    Ficamos, portanto, atrasados, superados.

Estamos perdidos?

Não, vamos analisar os prós.
1.    O MS foi o berço da piscicultura, com espécies nativas, no Brasil.
2.    Nativas evocam ambientalismo, pode-se explorar um marketing próprio.
3.    A Agricultura Familiar também possui um marketing com personalidade própria.
4.    Há muita evolução ainda por vir, estamos, a bem dizer, dando os primeiros passos nas nativas.

Entrar nesta festa da tilápia, sem parcerias, seria difícil nesta altura. Por outro lado há um trabalho monstro a ser realizado nas nativas.

Mas concordo com a Vera, a salvação da Piscicultura Familiar Douradense possui mais chances de sucesso nas nativas. Para tanto, Vera sugere a criação de um novo frigorífico, com perfil adequado. Também concordo. Afinal, o monopólio da Mar/Terra,desde a sua inauguração, pode ter sido responsável pela situação. Um erro coletivo…

Informo a todos que na minha caixa de ferramentas há inúmeras técnicas disponíveis, ainda não testadas, para os peixes nativos. Fruto de observação  nestes anos. Tenho certeza que com a bióloga Vera ocorre o mesmo. 

Ninguém imagina que teremos sucesso repetindo velhas fórmulas ou velhas tecnologias, na piscicultura familiar. Há novas ideias para todos os lados. E estamos usando as da década de 80. Haverá forte resistência para mudar isso, não por parte dos piscicultores, mas pelo corpo todo de assistência técnica, incluindo professores. Assim, face ao desenvolvimento expressivo da piscicultura no Brasil, nosso esforço para retomar, tem que ser proporcional.

Daí o tamanho do desafio.

Não sou ligado a nenhuma agência, sempre fui um consultor independente, e acho possível repensarmos as coisas.

Como diria o compositor Belchior, “o novo sempre vem”.

*Piscicultor 

Fonte: Dourados News

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