De Nova Andradina para SP: Elder e Maira colhem frutos de jornada marcada por trabalho e fé

De Nova Andradina para SP: Elder e Maira colhem frutos de jornada marcada por trabalho e fé

Por conta de um mergulho em um rio, em 2019, que resultou em uma grave lesão ao bater a cabeça em um banco de areia, Elder Souza viu sua vida mudar radicalmente. Tetraplégico desde então, ele, a esposa Maira Lazarini e o filho Heitor iniciaram uma nova fase no último mês: deixaram o interior do Mato Grosso do Sul para buscar melhores opções de tratamentos em São Paulo.

“Estar em São Paulo representa pra gente que vale a pena acreditar, que vale a pena correr atrás”, afirma Maira. A mudança, segundo ela, foi fruto de muito trabalho e fé, e representa não apenas uma tentativa por melhores condições para Elder, mas também uma chance de inspirar outras famílias que passam por desafios semelhantes.

Em 2022, durante um período curto em que estiveram na capital para um tratamento intensivo, Elder chegou a recuperar movimentos no tronco. “Ele já conseguiu movimentar o tronco para frente e para trás”, lembra Maira. 

A evolução animou o casal, que decidiu: quando surgisse a oportunidade, voltariam para continuar as terapias. Agora, com seis horas diárias de fisioterapia, Elder tem uma rotina impensável nos tempos em que morava no interior, onde frequentemente ficava sem atendimento.

Além da busca por tratamentos como fisioterapias robóticas, tecnologias transcranianas, exoesqueletos e o suporte de terapeutas ocupacionais – praticamente inacessíveis em Nova Andradina – a ida para São Paulo abre também novas portas profissionais. 

Maira e Elder trabalham com produção de conteúdo digital, uma iniciativa que começou como um recurso emergencial para garantir medicamentos. “A gente tinha uma marca de sapatos, lojas… aí veio a pandemia, a gravidez e o acidente. Criar conteúdo foi o que nos salvou”, conta.

Hoje, trabalham até 18 horas por dia em diversas plataformas. “Nosso planejamento é sempre ter um trabalho que acrescente na vida das pessoas, sejam PCDs ou não”, explica Maira. 

E o impacto é real. “Eu só tava tentando que meu marido não sentisse tanta dor, que meu marido não sofresse tanto, mas nesse anseio a gente acabou fazendo com que outras famílias buscassem por isso também”.

Apesar dos avanços e novas possibilidades, Maira admite que a adaptação tem sido desafiadora.

 A família chegou em São Paulo no dia 7 de março e ainda vive um turbilhão de novidades: fisioterapias, entregas de trabalho, busca por moradia e a ausência de uma rede de apoio familiar. 

“A vida tá acontecendo no mesmo ritmo que tava lá, com mais coisas daqui”, relata. E completa, com uma brincadeira: “O povo brinca que São Paulo tem tudo, só não tem paz, né?”.

Mesmo diante da correria e dos obstáculos, o sentimento é de perseverança. “A nossa luta é muito sobre continuar lutando apesar de tudo”, resume Maira.
 

Fonte: Dourados News

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