Lyon x United: o duelo das administrações caóticas em busca da salvação na temporada

Lyon x United: o duelo das administrações caóticas em busca da salvação na temporada

Em momentos administrativos caóticos, Lyon e Manchester United se enfrentam nas quartas de finais da Europa League, em busca do que pode ser a salvação da temporada. Enquanto os franceses vivem turbulências internas, com direito a transfer ban da FIFA, os ingleses tecem duras críticas ao atual mandatário por conta dos entraves econômicos e da forma como o clube vem sendo gerido.

E os problemas administrativos são refletidos dentro das quatro linhas, em ambos os clubes. O Lyon ocupa a quinta colocação do Campeonato Francês e passa sufoco na briga pela vaga na próxima Champions League, enquanto o United está na segunda página da tabela da Premier League e, caso não vença a Europa League, terá que se contentar com uma temporada sem competições internacionais em 25/26.

Assim como o Glorioso, o Lyon também é propriedade do cartola estadunidense Jhon Textor. Mas, diferentemente do brilho que o clube carioca teve na última temporada com os títulos do Brasileirão e da Libertadores e pode seguir tendo em 2025, o clube francês passa por uma turbulência significativa, mais grave fora das quatro linhas.

O grupo Eagle, administrado pelo norte-americano, é dono do Botafogo, do Lyon, do RWD Molenbeek-BEL e tem ações do Crystal Palace. No último balanço administrativo divulgado, a companhia teve um prejuízo gritante de cerca de 117 milhões de euros com Les Gones, mais que o dobro do faturamento da equipe francesa na última temporada (66 milhões).

Diante disso, o Lyon chegou a receber uma notificação de rebaixamento provisório pela Direção Nacional de Controle e Gestão (DNCG) da Liga de Futebol Profissional da França (LFP), que regula as práticas econômicas no futebol francês.

No meio de tanta turbulência, ainda houve a transferência conturbada de Thiago Almada, que veio do Botafogo, que foi vista como uma forma de “burlar” o transfer ban da FIFA. 

Os demais clubes franceses, inclusive, chegaram a sugestionar a criação da lei “Anti-Textor”, visando proibir o uso das premiações de 2024 do Botafogo para o benefício do Lyon.

De acordo com o órgão, o Lyon teria de quitar cerca de 100 milhões de euros para evitar as sanções a serem impostas pela Federação. A solução seria se classificar para a Champions League, o que pode ser difícil via Campeonato Francês, mas possível pela Europa League. A última cartada do cartola britânico seria injetar patrimônio próprio para equilibrar as contas e evitar qualquer punição.

Se os problemas administrativos do Lyon envolvem rebaixamento por não cumprimento às regras, a instabilidade interna do United é diretamente refletida no péssimo desempenho da equipe dentro das quatro linhas.

Ao contrário dos franceses, os Red Devils estão mal colocados no torneio nacional e não têm a possibilidade de jogar competições da UEFA se não for via título da Europa League.

O caos nos bastidores passou a ganhar ainda mais notabilidade no fim de 2023, quando Jim Ratcliffe, um dos homens mais ricos do Reino Unido, adquiriu um quarto das ações totais e passou a comandar as ações esportivas da equipe de Manchester.

O objetivo inicial era de superar os rombos econômicos e administrativos deixados pela família Glazer. O que podia ser um recomeço e a chance de retornar aos tempos de glória, entretanto, dá indícios de ser mais uma tentativa frustrada de reerguer o United.

Atualmente, Ratcliffe é desaprovado pelas arquibancadas, internamente e também na mídia britânica. Numa tentativa brusca de diminuir os custos no orçamento do clube, o mecena demitiu cerca de 500 funcionários após sua chegada, aumentou os valores dos ingressos, reduziu as refeições dos funcionários (o que virou sátira por oferecer apenas pão e sopa) e propôs a demolição de Old Trafford para construir outro estádio com cifras bilionárias. O rompimento do vínculo com Alex Ferguson como embaixador do clube também gerou insatisfações.

Pois bem, tantas questões administrativas reforçam o mau desempenho do United dentro das quatro linhas, sob o comando de Rubén Amorim desde o começo de novembro, após a saída de Erik ten Hag. Atualmente, o United ocupa a 13ª colocação da Premier League, foi eliminada nas copas para Tottenham e Fulham, em ordem cronológica, e vê, na Europa League, a chance de salvar o que tem tudo para ser uma temporada desastrosa.

Apesar dos bastidores problemáticos, o que vai realmente valer é dentro do campo, no 11 contra 11. O Manchester United conta com problemas em quase todos os setores (o gol é um deles, com Onana muito contestado), mas o mais preocupante é o ataque.

Com pior desempenho ofensivo do século, o United conta hoje com uma dependência excessiva do português Bruno Fernandes. O meia é o artilheiro e líder de assistências do clube na temporada, com 16 gols e 15 passes para gol em 46 jogos disputados.

Por outro lado, o Lyon é uma equipe que não passa por grandes problemas quando o assunto é marcar gols: são 81 tentos anotados até agora na temporada, com dois jogadores empatados na artilharia com 14 gols (Mikautadze e Lacazette). A defesa também mostra certa estabilidade, com 50 gols sofridos em 24/25, mas os confrontos diretos foram cruéis. As derrotas para Brest, Monaco, Marseile (2x) e PSG (2x), além da sequência de empates vivida no mês de janeiro praticamente tiraram o clube da briga pelas primeiras posições do Campeonato Francês.

Na Europa League, ambos se classificaram diretamente às oitavas de finais entre os oito primeiros colocados: o United ficou em terceiro e o Lyon em sexto. No primeiro mata-mata, os ingleses comprovaram a superioridade contra a Real Sociedad em casa, depois de empate fora, enquanto os franceses atropelaram o Steaua Bucareste tanto na ida como na volta.

Agora, resta esperar para analisar friamente o confronto. Poderá Bruno Fernandes no pouco goleador United ser o ponto diferencial para vencer o estável Lyon? Ou até mesmo os franceses serão capazes de superar o peso da camisa dos Red Devils?

O que sabemos de fato é que Lyon e United possuem um objetivo em comum: ambos brigam pela única chance de título na temporada 24/25.

Fonte: Ogol

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