Mais de 130 cardeais se reúnem no Vaticano para escolher o sucessor de Francisco, enterrado no último sábado
Os cardeais da Igreja Católica decidiram nesta segunda-feira (28) que o conclave para a escolha do novo papa terá início no dia 7 de maio. O encontro, que reúne os chamados “príncipes da Igreja”, foi marcado após a cerimônia solene de despedida do papa Francisco, realizada no sábado, que reuniu cerca de 400 mil pessoas e líderes de todo o mundo.
Com o término dos nove dias de luto decretados pelo Vaticano, o conclave ocorrerá na Capela Sistina, em Roma, a portas fechadas. Dos 135 cardeais com direito a voto — todos com menos de 80 anos —, 80% foram nomeados pelo próprio Francisco. Muitos deles vêm de diversas regiões do planeta e ainda não se conhecem pessoalmente.
A escolha do novo pontífice gera expectativa entre fiéis e religiosos. Patricia Spotti, de 68 anos, que viajou de Milão a Roma para o Ano do Jubileu, afirmou que espera um papa “com personalidade aberta para todos, como Francisco”. O cardeal Ángel Sixto Rossi, da Argentina, reforçou o desejo de continuidade no legado do papa falecido, focado na inclusão dos pobres, migrantes e no combate aos abusos na Igreja.
Apesar disso, há quem preveja surpresas. O cardeal espanhol José Cobo afirmou ao jornal El País que o conclave “não será nada previsível”, lembrando que o próprio Francisco foi considerado uma surpresa na época de sua eleição.
O conclave também ganhou ainda mais notoriedade com o sucesso do filme “Conclave”, vencedor do Oscar de melhor roteiro adaptado em março. Apesar do fascínio popular, o cardeal Cristóbal López Romero destacou que a realidade é bem diferente da ficção.
Internamente, a Igreja ainda enfrenta tensões entre alas conservadoras e progressistas. Setores mais tradicionais criticam as reformas de Francisco e esperam uma possível mudança de rumo. O cardeal Jean Zerbo, do Mali, pediu união durante uma oração coletiva diante do túmulo do papa.
Entre os nomes mais cotados para assumir o posto estão o italiano Pietro Parolin, atual secretário de Estado do Vaticano, seguido pelo filipino Luis Antonio Tagle, o ganês Peter Turkson e o italiano Matteo Zuppi, conforme apontam as casas de apostas britânicas.
Ainda não se sabe se a escolha será rápida ou se as discussões levarão mais tempo. Enquanto o cardeal alemão Reinhard Marx acredita em um processo breve, especialistas, como o professor Roberto Regoli, da Universidade Gregoriana, alertam para a complexidade de eleger um líder capaz de unificar uma Igreja em tempos de polarização global.




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