Volta de Lupi ao comando do PDT terá discussão sobre INSS e apoio ao governo Lula

Ministro da Previdência, Carlos Lupi

Reunião em Brasília marca retorno de Carlos Lupi à presidência do partido; crise no INSS, relação com Lula e eleição de 2026 estão na pauta

O PDT se reúne nesta terça-feira (20), em Brasília, para um encontro estratégico que marca o retorno de Carlos Lupi ao comando nacional da legenda. A reunião vai tratar da posição do partido em relação ao governo do presidente Lula (PT), discutir os desdobramentos do escândalo no INSS e também traçar os primeiros rumos para as eleições de 2026.

A expectativa é que o PDT defina se continuará alinhado ao governo petista ou se adotará uma postura mais independente. Lupi, que deixou o Ministério da Previdência no início do mês por conta das denúncias de descontos irregulares em contas do INSS, deve ser peça central nos debates. Após sua demissão, o partido se afastou da base do governo na Câmara dos Deputados, embora os senadores da sigla sigam em sintonia com o Planalto.

A reunião, marcada para as 14h na sede do partido, contará com a presença de parlamentares, integrantes da executiva nacional e presidentes de diretórios estaduais. Um dos principais temas será o possível lançamento de candidatura própria à Presidência em 2026. O nome de Ciro Gomes, que disputou a eleição em 2022, segue como o mais cotado internamente, embora ele ainda não tenha manifestado sua intenção para a próxima disputa.

Além disso, a cúpula pedetista avalia cenários possíveis para o futuro da sigla. Caso a eleição se mantenha polarizada entre Lula e Bolsonaro, como foi em 2022, cresce a tendência de o partido priorizar a formação de uma bancada forte no Congresso, poupando recursos do fundo eleitoral. Já um cenário com candidaturas alternativas, como uma eventual entrada de Tarcísio de Freitas (Republicanos), é visto como uma chance para o PDT voltar ao protagonismo com um nome próprio.

Outro ponto de destaque é a crise no INSS. A Polícia Federal e a CGU deflagraram, em abril, a Operação Sem Desconto, revelando um esquema bilionário de descontos indevidos em benefícios previdenciários. O total de cobranças irregulares entre 2019 e 2024 pode ultrapassar R$ 6,3 bilhões — e chegar perto de R$ 8 bilhões se considerados dados desde 2016. A condução do escândalo gerou críticas a Lupi, principalmente por ele ter indicado o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, exonerado no dia da operação.

Dentro do PDT, há insatisfação com a forma como o partido tem sido tratado pelo governo federal. Integrantes da legenda afirmam que, apesar da proximidade ideológica, o Planalto tem dado preferência a siglas do Centrão. Esse sentimento fortalece o desejo de autonomia e de revisão da relação com Lula.

Por fim, o partido também discute possibilidades de federação ou fusão com outras legendas para garantir a superação da cláusula de barreira. Conversas iniciais foram mantidas com PV, PSB, Solidariedade e Cidadania, e os impactos de cada possível aliança ainda estão sendo avaliados nos Estados.

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