No STF, general diz que barrou a Polícia Militar nos atos de 8 de Janeiro para ‘coordenar’ prisões

Fachada do Supremo Tribunal Federal

Depoimento de Júlio Cesar de Arruda ao STF revela que decisão de barrar a polícia visava “ação coordenada” na prisão de bolsonaristas

O general Júlio Cesar de Arruda declarou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que impediu a entrada da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) no acampamento bolsonarista em 8 de janeiro de 2023. De acordo com o ex-comandante do Exército, sua decisão teve como objetivo garantir que as prisões fossem feitas de forma “coordenada”, e não imediata, como havia determinado o ministro Alexandre de Moraes.

A declaração foi feita durante seu depoimento na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado que pretendia manter Jair Bolsonaro no poder, mesmo após sua derrota nas eleições de 2022. Na ocasião, a ordem de Moraes determinava a retirada imediata dos manifestantes do local. No entanto, Arruda decidiu agir no dia seguinte, alegando que seria necessário organizar a operação antes de agir.

Segundo o general, ele foi informado sobre a chegada da PM ao local e optou por uma abordagem planejada. Essa decisão atrasou as prisões, que só ocorreram no dia 9 de janeiro. Durante o depoimento, houve um momento de tensão entre Arruda e o procurador-geral da República, Paulo Gonet. O motivo foi justamente a divergência sobre a atuação da PMDF naquele momento.

Além do depoimento de Arruda, mais quatro testemunhas prestaram esclarecimentos nesta quinta-feira (16). Todos os ouvidos são militares que não estavam diretamente envolvidos nos fatos investigados, mas atuavam ao lado do tenente-coronel Mauro Cid na Ajudância de Ordens da Presidência da República.

Ao todo, a Primeira Turma do STF pretende ouvir 82 testemunhas nesta primeira ação penal sobre a tentativa de golpe. Além de Bolsonaro, o processo envolve ex-ministros e assessores do seu governo. As investigações seguem em curso, com foco em esclarecer o papel de cada envolvido nos atos que culminaram nos ataques aos Três Poderes, em Brasília.

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