Com celular no bolso de atirador, líderes do PCC assistiram execução ao vivo em Dourados

Ação liderada pela Polícia Civil mira grupo que tentava dominar bairros com execuções e terrorismo local

A Polícia Civil de Dourados deflagrou, nesta segunda-feira (23), a Operação Hécate, com foco no combate à atuação violenta do Primeiro Comando da Capital (PCC). A ofensiva resultou em seis prisões preventivas, incluindo a do principal líder da facção no município. O grupo vinha tentando dominar bairros periféricos da cidade por meio da força e da execução de rivais.

Durante coletiva de imprensa, o delegado Erasmo Cubas, do Setor de Investigações Gerais (SIG), detalhou os objetivos e os desdobramentos da ação. Segundo ele, os alvos da operação são indivíduos que deixaram recentemente o sistema penitenciário e passaram a comandar ações criminosas em Dourados.

Um dos crimes que motivou a investigação foi o assassinato do adolescente Vitor Fabrício Ogeda Silva, de 17 anos. O homicídio ocorreu no dia 30 de maio, no bairro Canaã IV, região da Vila São Braz. De acordo com o delegado, o crime foi executado por engano, já que o verdadeiro alvo seria um membro de facção rival.

“Os criminosos planejavam eliminar todos os homens presentes na casa. O adolescente acabou morto por estar no local errado, na hora errada”, explicou Cubas.

As investigações revelaram que os autores chegaram ao endereço usando motos e bicicletas. Ao todo, participaram dois “pilotos” e quatro executores. Um deles realizou o levantamento prévio e informou os comparsas sobre a presença das vítimas.

De maneira ainda mais chocante, dois membros da facção acompanharam a execução em tempo real por meio de chamada de vídeo. Esse detalhe, segundo a polícia, demonstra o grau de controle e a tentativa de impor medo à população.

O delegado confirmou que o mandante e um dos executores já estão presos. Outro executor, embora identificado, ainda está foragido. Além disso, dois envolvidos na logística foram capturados, e há outras duas pessoas que seguem sendo procuradas.

A principal motivação por trás da ofensiva criminosa está relacionada à tentativa do PCC de consolidar território em bairros como Canaã IV, Guaicurus, Jóquei Clube e Harrisson de Figueiredo. “Eles queriam transmitir uma falsa sensação de segurança, eliminando quem se opunha à facção, para garantir o controle total do tráfico de drogas”, pontuou Cubas.

Graças à agilidade das investigações, a polícia conseguiu mapear boa parte da organização criminosa em pouco mais de uma semana. “Solicitamos os mandados judiciais com apoio do Ministério Público e, rapidamente, conseguimos deflagrar a operação”, disse o delegado.

A ação foi batizada de Hécate, em referência à deusa grega dos caminhos e do mundo dos mortos — simbolizando o enfrentamento direto do Estado ao domínio do crime organizado.

Além do SIG, participaram da operação agentes do 1º e 2º Distritos Policiais de Dourados, da Polícia Rodoviária Federal e da Força Tática da Polícia Militar.

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