San Diego FC: A exceção que desafia a regra na MLS

A Major League Soccer sempre foi caracterizada por equipes verticais, com pouca posse e muita ligação direta. Ainda hoje, o estilo, fiel ao kick and rush abandonado pelo futebol inglês, é vilão, para muitos, na busca pela melhora técnica da liga. Poucos times conseguiram desafiar isso ao longo dos anos. E menos ainda conseguiram o sucesso meteórico do San Diego FC. 

Nova franquia da liga, o San Diego já foi assunto neste espaço (clique aqui para conhecer um pouco mais sobre o clube). Só que a conversa de hoje foca mais em performance. A equipe da Califórnia faz uma campanha histórica na liga, e desafia o que há tantos anos é regra na MLS. 

Apesar do fracasso na Leagues Cup, o San Diego mantém uma forma invejável na liga. No fim de semana, superou o Sporting em Kansas City e chegou a 49 pontos na tabela, na liderança de sua conferência e a dois da melhor campanha no geral, o Philadelphia Union. 

Faltando ainda 24 pontos em disputa, o San Diego está a apenas oito de somar a maior pontuação de um estreante na liga, que até o momento é do Los Angeles FC, com 57 pontos em 2018. Na luta pela melhor campanha no geral, pode ser o primeiro estreante a levantar a Supporters’ Shield, troféu dado a melhor campanha na primeira fase. 

O sucesso do San Diego FC, que conta com jogadores como o mexicano Lozano, e o dinamarquês Anders Dreyer, líder isolado em assistências na liga (15), tem muito a ver com a ousadia de seu projeto. Da escolha de Tyler Heaps como o mais novo diretor esportivo em toda a liga, até a criação do modelo de jogo. 

Na montagem do projeto para a temporada, junto com o técnico Mike Varas, o San Diego adotou o jogo de posição como base da plataforma tática, com fundamentação no jogo apoiado para nortear os momentos de posse de bola. Tudo isso tem como sustentação a influência do projeto Right to Dream, que conecta clubes como o Nordsjaelland, da Dinamarca, e o FC Masar, do Egito, através de princípios em comum. 

“Todo mundo dentro da nossa organização está seguindo o mesmo estilo de jogo, sendo treinado da mesma maneira e promovendo os mesmos tipos de oportunidades”, explicou Amy Harrison, que é assistente técnica da equipe feminina do Nordsjaelland. 

Nomes como Pep Guardiola, Marcelo Bielsa, Maurizio Sarri, Roberto de Zerbi e Luis Enrique servem como inspirações para que os clubes do grupo tenham, acima de tudo, coragem com a bola nos pés. Mikey Varas, técnico do San Diego, se aprofunda. 

“Nós vamos ser valentes, encontrar soluções sob pressão, correr riscos, e pagar o preço por esses riscos às vezes. Nós acreditamos no estilo e no processo, então sabemos que esses erros vão nos levar a mais vitórias”, comentou. 

“É sempre buscar o gol. E quando não temos a bola, é pressionar o mais alto possível para recuperar logo, porque quando você tem a bola, você marca gols”, endossou Frederik Karne, técnico da equipe sub-14 do Nordsjaelland. 

Vamos olhar para algumas estatísticas que exemplificam isso. Uma interessante é a de lançamentos só olhando para os goleiros. Só 8.9% dos passes feitos por um goleiro do San Diego (sem contar tiros de meta) foi de passes longos. O segundo clube com menor percentual na liga, segundo o site estatístico FBREF, é o Columbus Crew, que adota um modelo de jogo similar, com 16.9% dos passes sendo longos. O Minnesota United é líder no quesito, com 59.7% de lançamentos longos nos passes feitos pelos goleiros. 

E isso não é característica apenas de CJ dos Santos, goleiro titular. No jogo contra o Nashville, o mexicano Pablo Sisniega mostrou muita tranquilidade ao superar a pressão de Sam Surridge, artilheiro da liga, e procurar uma saída curta no lance que, pouco depois, resultou no gol da vitória, de Lozano. 

O San Diego é o segundo time com maior posse de bola na liga (59.7, apenas 0.1% abaixo do Crew) e, para não falar que é uma posse de bola improdutiva, é o segundo com mais passes progressivos (de novo atrás da equipe de Columbus). 

Melhor ataque da MLS com 50 gols, ao lado de Inter Miami e Orlando City, o San Diego é um dos times mais interessantes de se acompanhar na temporada da MLS e tem a chance, a cada jogo, de continuar fazendo história na liga. 

Fonte: Ogol

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