O legado da família Ramos

O legado da família Ramos

Em julho de 1952, chegava ao município de Dourados — especificamente na antiga “Vila Cruz”, hoje Distrito do Panambi — o casal Apolinário da Silva Ramos e Conceição Maria Silveira.

Eles nos deixaram um legado de sabedoria, garra, honestidade, fé e compaixão. Um verdadeiro exemplo de união familiar e de força para fazer acontecer. 

Homenageá-los é reconhecer sua dedicação e amor pela terra que os acolheu, bem como seus valores e lutas. Com muito respeito e gratidão, desejamos honrar cada ensinamento e gesto compartilhado.

Nosso avô, “Pulu”, como era carinhosamente conhecido, vivia contando histórias — falava de Rui Barbosa, Castro Alves e da ditadura. Seus escritos nas paredes, nos muros e até no chão são lembranças gravadas na nossa mente e no nosso coração.

Nossa avó, uma mulher simples, sábia, determinada, ousada e envolta em amor infinito, era incansável em seus afazeres. Sempre muito enérgica em suas atitudes, mantinha-se firme diante de qualquer adversidade.

Benedito Silva Ramos e
Doraci Cândido de Março – Foto: Arquivo Pessoal

Assumiu o papel de provedora do lar e criou, com coragem, os doze filhos:
    •    Aparecido da S. Ramos
    •    Benedito Silva Ramos
    •    Antonio da Silva Ramos
    •    Maria Aparecida Cardoso
    •    José da Silva Ramos
    •    Adelina Carmo Paulino
    •    Pedro da Silva Ramos
    •    Aparecida da S. Azevedo
    •    Maria Camilo Marques
    •    Ana Carmen da Costa
    •    Nalzira da Silva Santos
    •    Vera Lúcia da S. Mazarim

Pedro da Silva Ramos
e Maria Aparecida Cardoso

Vó, sabemos que suas dores e desafios foram vividos no silêncio da oração. Nunca se permitiu abater. Acordar cedo era regra. Lá ia ela para o curral, tirar leite da vaca com o balde na mão.

Trabalhava o dia todo. Cuidava das plantações, das criações, e sem medir esforços, recolhia ovos das galinhas e enfrentava o estradão da antiga “Reta Grande” em busca de um tostão.

Sempre disposta e prestativa, era dotada de um dom divino: parteira da região. Nem sol, nem chuva, nem barro a impediam. Calçava a galocha, pegava o farolete ou o lampião, e rompia todas as barreiras movida por mente, corpo, alma e coração.

Vô, vó… vocês nos ensinaram o verdadeiro significado de família. Deixaram um legado de amor, coragem, sabedoria e determinação.

Tudo daríamos para vê-los novamente, revivermos aqueles momentos mágicos: o manjar com calda de açúcar queimado, o Ki-Suco no caldeirão com água fresca do poço, os doces cristalizados feitos com tanto carinho, os remédios caseiros preparados com intuição, os almoços de domingo com toda a família reunida — e até o doce de leite escondido debaixo da sua cama… que ninguém ousava mexer! E o frango caipira feito na caçarola…

Ah! E a boneca de sabugo seco que você fez questão de fazer antes de partir… Hoje tudo isso são memórias afetivas gravadas no nosso sentir.

Toda essa história, rica em garra, lutas e vitórias, somaram-se à chegada de outras famílias, que, conjuntamente com a Família Ramos, contribuíram para a formação do agradável Panambi!

*Autora do texto

Fonte: Dourados News

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