Macron declara a Lula que aceita pacto UE-Mercosul se agricultura francesa e europeia for preservada

Cerimônia oficial de chegada do Presidente da República Francesa, Emmanuel Macron, por ocasião de sua Visita de Estado ao Brasil

O presidente da França afirmou que aceita o acordo se ele preservar os interesses da agricultura francesa. A declaração foi feita após uma conversa com o presidente Lula, em que ambos se comprometeram a buscar a assinatura do pacto ainda neste semestre.

O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou nesta quarta-feira (20) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que está disposto a aceitar um acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul. O acordo, no entanto, deve preservar os interesses do setor agrícola de seu país. Até agora, Macron se opunha à negociação.

Em uma mensagem na rede social X, Macron destacou que está “preparado para um acordo UE-Mercosul ambicioso, a partir do momento em que preserve os interesses da nossa agricultura francesa e europeia e esteja a serviço de nossas respectivas economias”.

O governo brasileiro, por sua vez, apresentou sua versão sobre a conversa. Em nota, o Palácio do Planalto destacou que ambos se comprometeram a “ultimar o diálogo” para a assinatura do pacto. A intenção é que o tratado seja assinado “ainda neste semestre”, durante a presidência brasileira do Mercosul.

A França lidera um grupo de países europeus que busca impedir a aplicação do acordo. A oposição se justifica, sobretudo, porque o pacto seria prejudicial para os agricultores franceses. Eles teriam que enfrentar a concorrência de setores como a carne bovina ou de frango e o açúcar de cana.

Os críticos do acordo, com efeito, argumentam que ele inundaria o mercado europeu com produtos que não cumprem as mesmas regras sanitárias e ambientais exigidas na Europa. Por isso, Paris exige a adição das chamadas “cláusulas espelho”.

Na conversa, Macron também reiterou a Lula “a necessidade de defender o multilateralismo”. Eles discutiram, além disso, a importância de uma paz justa e duradoura na Ucrânia. Este é um ponto de atrito entre os dois países, já que Paris reprova a posição brasileira por não condenar firmemente a Rússia.

Com a perspectiva da COP30, que será realizada em Belém, os presidentes abordaram “os grandes desafios globais”. Eles conversaram sobre questões ambientais e a luta contra a pobreza, além de assuntos econômicos e de cooperação bilateral nas áreas de defesa e transportes.

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