Estudantes relatam desafios e surpresas no primeiro dia do Enem

Estudantes relatam desafios e surpresas no primeiro dia do Enem

O primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) movimentou estudantes em todo o país neste domingo (9). Em Dourados, alunos da Escola Estadual Presidente Vargas compartilharam suas impressões sobre a prova e contaram como foi o processo de preparação para um dos exames mais esperados do ano.

Entre eles está Sara Marques, de 19 anos, douradense e estudante do terceiro ano. Ela sonha em cursar Medicina e vem se preparando desde o ano passado. Segundo a jovem, a rotina intensa de estudos ajudou a enfrentar o nervosismo no dia da prova.

Foto: Clara Medeiros/Dourados News

“A minha preparação veio desde o ano passado. Claro, o nervosismo, toda a preocupação, a incerteza, ela é constante, né? Ela sempre está presente. Mas fui muito confiante porque durante o ano a gente se prepara, não tem como a gente chegar na prova e não saber nada”, comenta em entrevista ao Dourados News.

A estudante contou que a redação causou apreensão entre os colegas, mas acredita que o desempenho foi positivo. O tema deste ano – “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira – surpreendeu muitos participantes.

“A questão da redação a gente foi meio com o pé atrás, mas acredito que deu tudo certo sim. Cara, teve a primeira questão do Caderno Amarelo que tipo assim, era uma questão, era um texto que respondia quatro questões. Na hora que eu li essa questão eu fiquei tipo um tempo até entender o que realmente estava pedindo, porque eu nunca tinha caído desse jeito né”, relata a aluna.

Sara também contou que o formato da prova surpreendeu. “Como eu já vim estudando, eu faço vários simulados, várias provas e eu nunca tinha visto desse jeito. E aí eu li várias vezes, até tentar entender, eu falei, [nossa, um texto que responde quatro questões de uma vez]. É muito estranho.”

Sara afirmou que sente mais segurança nas áreas de linguagens, humanas, biologia e matemática, mas reconhece que física ainda é o seu “calcanhar de Aquiles”.

“A expectativa é rezar, né? Porque a minha área principal é linguagens e humanas, né? Física é o meu calcanhar de Aquiles, então eu tenho um pouco de medo, mas matemática e biologia é o que me dá mais segurança.”

Outro candidato que também participou da prova foi Arthur Silva, de 17 anos, natural de Anaurilândia e morador de Dourados. Ele pretende cursar Medicina ou Engenharia e conta que se preparou durante todo o ano.

“A preparação já vem constante ao longo do ano, com a escola ajudando bastante, apoiando, dando aulão, e sexta-feira a gente teve aulão de linguagens aqui da escola. E fora os cursinhos também fazemos para dar um apoio e incentiva mais. E a prova foi daquele jeito, meio difícil, mas ter fé, né.”

Foto: Clara Medeiros/Dourados News

Arthur também comentou que esperava outro tipo de tema na redação.“O tema da redação, eu esperava que seria um problema, só que eu esperava que seria um problema mais amplo, sem ser nesse sentido, sabe? Eu esperava que seria alguma coisa relacionada ao eixo de mudança climática, alguma coisa como meio ambiente, educação e tecnologia – eu postei alto nesses temas.”

Segundo o estudante, o tema sobre idosos exigiu mais reflexão. “Só que a hora que eu vi que era sobre idosos, aí deu aquela dificuldade. Mas em relação à prova as perguntas foram até mais tranquilas. Os textos, não tinham tanto texto, então não estava tanto cansativa, só que foi mais conteúdo esse Enem.”

Arthur reforçou que a rotina de estudos segue até o próximo domingo (16/11). “Ah, tem a próxima prova, semana que vem, a gente vai ter mais aulões ao longo dessa semana sobre exatas e ciências. Fora as aulas que a gente estuda em casa, né? Os conteúdos que a gente busca – a preparação continua.”

Responsável por acompanhar os dois alunos, o professor Alexandre Pinho, de 31 anos, ministra aulas de Língua Portuguesa na Escola Estadual Presidente Vargas e atua há mais de uma década na educação. Ele preparou mais de 100 alunos para o Enem deste ano.

“Um aulão, um conteúdo preparatório que seja, oferece muito mais chances aos estudantes frente aos seus concorrentes. A gente não gosta muito de pontuar dessa forma, mas obviamente eles estão concorrendo. Então, o vestibular exige algumas estratégias, além do próprio conteúdo programático, vestibular, o Enem, e os alunos que fazem, submetem a um aulão, um cursinho, sem dúvidas, sobressaem ante os demais.”

Foto: Clara Medeiros/Dourados News

O docente contou que recebe com frequência o retorno positivo dos alunos após o exame.

“Essa é a parte satisfatória do nosso trabalho, porque não são poucos estudantes que recorrem a gente depois da prova dizendo [olha professor as estratégias deram certo, eu senti que o aulão fez diferença, que a preparação em sala foi bem direcionada e fez também diferença]. Sem dúvida é muito prazeroso enquanto docente, porque eu acho que é a paga real do nosso trabalho. Ouvir de um aluno que aquilo que a gente trouxe para ele, seja no dia a dia ou no momento específico, como uma aula preparatória, o ajudou efetivamente durante o vestibular.”

Ele reforçou que o ensino médio vai além da preparação para provas. “É claro que o ensino médio não tem unicamente esse objetivo, de preparar para um dia, mas sim para a vida, mas certamente momentos específicos como esse ajudam o nosso estudante em específico durante a prova, né? Que é o seu objetivo, acaba sendo nesse momento o objetivo maior.”

Por fim, Alexandre deixou uma orientação aos candidatos que vão fazer a segunda etapa do Enem.

“A gente pode tomar os relatos dos estudantes em relação ao primeiro dia de prova como exemplo. Primeiramente, eu acho que é manter a calma. Às vezes é muito complexo dizer isso assim, sobretudo para um estudante de ensino médio, concluinte do ensino médio, mas fora essa pressão natural do momento, eles não devem se sentir mais pressionados do que naturalmente já estão. Se dão a tendência que eles acabem errando aquilo que já sabem, enfrentando problemas outros pelos quais não deveriam passar no momento.”

De acordo com dados preliminares do Inep, mais de 4,8 milhões de candidatos se inscreveram no Enem 2025. Desses, 73% compareceram às provas neste domingo. O número de inscrições cresceu 11% em relação ao ano passado e mais de 38% comparado a 2022.

Fonte: Dourados News

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